Iceberg na Antártida: uma vez liberado, o CO2 não consegue ser injetado novamente no solo congelado (Pete Bucktrout/AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 15h05.
São Paulo - Não é novidade para ninguém que o solo congelado que cobre quase um quarto do Hemisfério Norte e é conhecido como permafrost está desaparecendo. No entanto, novo relatório divulgado nesta terça-feira (27) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), durante evento paralelo da COP18, apontou que seu derretimento pode aumentar significativamente a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
Isso porque, de acordo com a publicação, o permafrost – que se estende por países como Rússia, Canadá, China e Estados Unidos – contém, na forma de matéria orgânica congelada, 1.700 gigatoneladas (Gt) de CO2, que, se derreterem, serão liberadas para a atmosfera, praticamente duplicando a quantidade de carbono que nela se concentra atualmente.
E mais: o fenômeno, batizado pelos pesquisadores de Permafrost Carbon Feedback, é irreversível – ou seja, uma vez liberado, o CO2 não consegue ser injetado novamente no solo congelado. Por isso, em sua apresentação na Conferência de Mudanças Climáticas, Kevin Schaefer, que coordenou a pesquisa, pediu maior atenção dos países e pesquisadores para o tema. “Até 2100, 39% das emissões podem vir do derretimento do permafrost. Se não levarem o fenômeno em conta nas projeções climáticas, qualquer meta de redução de emissões assumida agora pode ser muito baixa e, portanto, ineficiente no futuro”, disse.
Jean-Pascal Van Ypersele, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), assistiu à apresentação do estudo e afirmou que a organização contabilizará as emissões provenientes do derretimento do permafrost já em seu próximo relatório, que será divulgado em 2013.
Confira a publicação do Pnuma a respeito dos impactos do derretimento do permafrost na íntegra, em inglês.