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Deputados iraquianos enfim elegem presidente do Parlamento

Eleição deve representar o começo do processo de formação do governo em um momento de grave crise política no país

O deputado iraquiano Salim al-Juburi: ele foi eleito presidente do Parlamento (Ali Al-Saadi/AFP)

O deputado iraquiano Salim al-Juburi: ele foi eleito presidente do Parlamento (Ali Al-Saadi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 17h33.

Bagdá - Os deputados iraquianos elegeram nesta terça-feira Salim al-Juburi como presidente do Parlamento, em um passo essencial no combate aos insurgentes sunitas.

Enquanto isso, fracassava uma nova contra-ofensiva das forças de segurança iraquianas para retomar Tikrit, controlada desde 11 de junho pelos insurgentes, ilustrando a dificuldade em combater a ofensiva lançada no dia 9 de junho pelos extremistas do Estado Islâmico (EI).

Em Bagdá, a eleição do presidente do Parlamento, cargo tradicionalmente ocupado por sunitas, deve representar o começo do processo de formação do governo em um momento de grave crise política no país desde que os insurgentes sunitas lançaram sua ofensiva no início de junho e se apoderaram de várias partes do território iraquiano.

O presidente interino da Assembleia, Mahdi Hafez, anunciou que Juburi, um deputado árabe sunita que se apresentou em uma lista independente, havia recebido 194 dos 273 votos.

A maioria dos votos foi invalidada e o adversário, um obscuro candidato de uma lista laica, recebeu apenas 19 votos.

Em 1º de julho, a primeira sessão parlamentar foi encerrada em total desordem, com deputados deixando a sala. Depois, duas outras reuniões foram adiadas por falta de acordo entre os diferentes grupos políticos.

Vários governos estrangeiros, a ONU e até o aiatolá Ali al-Sistani, maior clérigo xiita do país, advertiram para o risco de o país mergulhar no caos, caso os parlamentares não consigam superar suas divisões.

Próxima sessão em 23 de julho

Os Estados Unidos elogiaram a eleição do presidente do Parlamento, "primeira etapa" da formação de um novo governo que deve levar em conta "os direitos, as aspirações e as preocupações legítimas de todas as comunidades iraquianas" neste período "de ameaça existencial para o país".

O novo governo terá a difícil tarefa de tirar o país da maior crise já enfrentada pelos iraquianos.

Os deputados devem agora eleger o presidente da República, que designará o primeiro-ministro.

De acordo com uma regra não escrita, a Presidência da República deve ser ocupada por um curdo, enquanto o cargo de primeiro-ministro cabe a um xiita (comunidade majoritária).

O atual primeiro-ministro Nuri al-Maliki está no poder há oito anos e seu bloco venceu a eleição de 30 de abril. Ele já avisou que não pretende deixar o poder.

Maliki tem sido fortemente criticado por seu autoritarismo e sua escolha de marginalizar a minoria sunita.

Juburi declarou que os candidatos à Presidência da República terão três dias, a partir de quarta-feira, para apresentar sua candidatura, e anunciou para 23 de julho a próxima sessão do Parlamento.

Combates a 80 km de Bagdá

Antes do início da reunião do Parlamento, as forças de segurança, iniciaram uma operação militar para libertar a cidade de Tikrit (160 km ao norte de Bagdá), após uma primeira tentativa há duas semanas. Elas chegaram a assumir o controle do sul da cidade, mas foram obrigadas a se retirar diante da forte resistência, de acordo com oficiais e testemunhas.

"As forças iraquianas se retiraram ao cair da noite para não sofrer perdas" e deverão lançar um novo ataque depois, indicou um oficial.

Em uma rara vitória, os soldados, apoiados por tribos, conseguiram expulsar os insurgentes de Dhuluiyah (80 km ao norte de Bagdá) após vários dias de combates, segundo fontes tribais e da segurança.

Nesta terça-feira, 27 pessoas morreram vítimas da violência no país, incluindo em dois ataques com carros-bomba em Bagdá.

O início da ofensiva insurgente foi marcado pela debandada das forças de segurança, que ainda não conseguiram se reerguer.

A situação no país, já crítica com a ofensiva jihadista, ficou ainda mais grave devido às intenções separatistas manifestadas por líderes da região autônoma do Curdistão, que aproveitou os avanços dos insurgentes para assumir o controle de territórios em disputa com Bagdá.

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