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Deputados criticam May por não citar Gibraltar em carta

Omissão foi considerada "infeliz", porque pode sugerir que Gibraltar é uma questão "secundária"

Theresa May: omissão em carta abre caminho para que a União Europeia apresente Gibraltar como um território disputado (Stefan Wermuth/Reuters)

Theresa May: omissão em carta abre caminho para que a União Europeia apresente Gibraltar como um território disputado (Stefan Wermuth/Reuters)

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EFE

Publicado em 1 de abril de 2017 às 10h24.

Londres - A primeira-ministra britânica, Theresa May, foi criticada neste sábado por deputados de todos os partidos por não ter mencionado Gibraltar na carta enviada a Bruxelas para iniciar as negociações do "Brexit".

O presidente da comissão sobre a União Europeia (UE) na Câmara dos Lordes, Timothy Boswell, tachou de "infeliz" a omissão, dado que -observou- pode sugerir que "Gibraltar é algo secundário".

"Com a ausência de um claro compromisso para defender os interesses de Gibraltar, a porta fica aberta para que a UE o apresente como um território disputado, sem uma voz independente em negociações que terão profundas consequências para seu futuro e para sua prosperidade", afirmou.

A eurodeputada trabalhista que representa Gibraltar, Clare Moody, qualificou de "incrível" que o território não tenha sido citado e perguntou "o que mais o governo vai evitar?", ao considerar Gibraltar "uma parte crucial das disposições constitucionais da filiação do Reino Unido na UE".

O líder liberal-democrata, Tim Farron, opinou que May cometeu "um enorme erro estratégico" e ressaltou que "Gibraltar não deve ser ignorado pelo governo em prol de um 'Brexit' duro".

O Executivo conservador de Theresa May reiterou ontem seu "firme" compromisso com Gibraltar e disse que "jamais" cederá a soberania sem consentimento dos gibraltarinos, em resposta às diretrizes de negociação do "Brexit" anunciadas pela UE, que indignaram os gibraltarinos.

A UE disse ontem, ao apresentar suas linhas negociadoras, que nenhum acordo entre os 27 e o Reino Unido, uma vez que o país abandone o clube comunitário, poderá ser aplicada a Gibraltar sem um acordo prévio entre o Reino Unido e Espanha.

Este aparente poder de veto concedido ao Estado espanhol indignou o governo de Gibraltar, cujo ministro principal, Fabián Picardo, o acusou de tentar "manipular" o Conselho Europeu.

Picardo disse que as iminentes negociações para a saída do Reino Unido da UE "incluem de maneira clara Gibraltar, apesar dos esforços da Espanha para excluir o território das mesmas" e transformá-lo em um assunto bilateral.

Para o ministro principal, a "minuta" das diretrizes, que terão que ser ratificadas em uma cúpula em 29 de abril, "sugere que a Espanha tenta fazer sua própria vontade, hipotecando a futura relação entre a União Europeia e Gibraltar".

O presidente da câmara de Comércio de Gibraltar, Christian Fernández, declarou hoje à "BBC" que Madri tenta "um triunfo diplomático".

O governo britânico insiste que, embora May não tenha citado Gibraltar na carta, fez em seu discurso na câmara dos Comuns, quando reiterou que o Reino Unido é "absolutamente firme em seu apoio a Gibraltar, seu povo e sua economia".

A chefe do governo disse no parlamento que Gibraltar estará "coberto" pelas negociações britânicas do "Brexit" e assegurou que o governo do território será envolvido no processo.

Em outra tentativa de apaziguar os ânimos, o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, falou ontem à noite com Picardo, a quem afirmou que o Reino Unido "permanece implacável e firme como uma rocha em seu apoio a Gibraltar".

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