Brexit: Boris Johnson pediu que o Parlamento vote a favor de eleições antecipadas (Jessica Taylor/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de setembro de 2019 às 16h39.
Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 17h42.
Os deputados britânicos aprovaram, nesta quarta-feira (4), uma lei que obriga o governo do primeiro-ministro Boris Johnson a pedir um novo adiamento do Brexit, hoje previsto para 31 de outubro, caso o país não se chegue a um acordo com Bruxelas nas próximas semanas sobre como se dará a saída do Reino Unido da União Europeia.
O texto, que ainda deve ser ratificado pela Câmara Alta do Parlamento, recebeu 327 votos a favor e 299 contra, um novo golpe para o primeiro-ministro Boris Johnson, contrário a uma nova prorrogação.
Para tentar uma solução ao impasse, o primeiro-ministro Boris Johnson pediu ao Parlamento que fossem convocadas eleições antecipadas no dia 15 de outubro. Mas, em seguida, a medida foi rejeitada em uma outra votação no Parlamento, com 298 votos contra e 56, a favor.
Escolhido como primeiro-ministro, em julho, em uma eleição interna do Partido Conservador, Boris Johnson vinha defendendo que o Reino Unido saísse da União Europeia no dia 31 de outubro de qualquer maneira, com ou sem um acordo com a União Europeia. Para ele, essa era uma possibilidade que deveria ser levada em conta, de forma a pressionar Bruxelas a ceder e adotar um acordo mais favorável aos britânicos.
No entanto, uma saída sem um acordo poderia gerar grande prejuízo para a economia britânica e também para as exportações do país para os demais países da Europa. Sem um acordo, todos os bens e serviços comercializados entre os países da União Europeia e o Reino Unido estariam sujeitos a tarifas de importação e a um controle alfandegário burocrático.
A preocupação com um eventual colapso econômico fez com que os parlamentares britânicos se unissem contra a possibilidade de um Brexit sem acordo.
Outra medida que também colaborou para a derrota de Johnson foi a sua decisão na semana passada de estender um recesso do Parlamento britânico entre setembro e outubro, com o objetivo de tomar o controle do processo do Brext e impedir que os parlamentares bloqueassem uma saída sem acordo, como acabou ocorrendo. Críticos de Johnson afirmaram que a medida era autoritária e antidemocrática, e o primeiro-ministro acabou perdendo o apoio até dos deputados do seu Partido Conservador.
Na terça-feira (3), 21 deputados do Partido Conservador votaram contra o próprio governo a favor de o Parlamento colocar em votação a lei que impedia o Reino Unido de sair da União Europeia sem um acordo.