Os bancos depositaram 452 bilhões de euros no BCE (Ralph Orlowski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2011 às 16h05.
Frankfurt - Os depósitos de 24 horas dos bancos no Banco Central Europeu (BCE) bateram um novo recorde, segundo a página na internet da instituição, que mostra um desajuste persistente no mercado interbancário.
Os bancos depositaram 452 bilhões de euros na instituição com sede em Frankfurt entre terça-feira e quarta-feira depois de depositar 411,81 bilhões (538,400 bilhões de dólares) na véspera.
Os números mostram que os bancos com excesso de liquidez preferem deixar o dinheiro no BCE, que oferece uma taxa de remuneração de apenas 0,25%, ao invés de emprestá-lo a outros estabelecimentos financeiros.
Na quarta-feira passada, o BCE lançou uma operação inédita de créditos ilimitados e tipo fixo a três anos para tentar proteger o setor bancário da Eurozona - em dificuldades pela crise da dívida - de uma escassez de liquidez. O intuito do BCE era evitar com isso uma escassez de crédito às empresas e famílias, o que prejudica o crescimento e os investimentos.
Mais de 500 bancos da Eurozona responderam à oferta, num montante total de 489,191 bilhões de euros. Os especialistas esperam que esse dinheiro sirva para que os bancos possam reembolsar seus próprios créditos e alimentem assim o mercado interbancário e também lhes permita comprar obrigações dos Estados da Eurozona.
"Obviamente os bancos não iriam comprar dívida bancária ou pública no dia seguinte a esta operação", disse Cyril Regnat, da Natixis.
O diretor de gestão de taxas da Swiss Life Gestión Privada, Laurent Geronimi, recordou também que no final do ano os operadores estão de férias e os bancos tentam expor os balanços com o menor risco possível.
Segundo analistas de mercado, os depósitos massivos devem continuar até o final de 2011 e devem esperar o início do próximo ano para começar a emprestar o dinheiro. Uma parte, no entanto, continuará sendo poupada, pois isso é vantajoso para os bancos, que tomam empréstimos do BCE a uma taxa de 1% e o depositam na própria instituição de Frankfurt com um rendimento de 0,25%.
Os bancos devem fazer frente a reembolsos importantes no primeiro trimestre de 2012 (230 bilhões, segundo o BCE) e o dinheiro emprestado deverá servir em grande parte a saldar suas dívidas.
"A liquidez restante servirá para emprestar ao setor privado e público, apesar que é difícil saber em que proporção, segundo Luca Cazzulani, diretor adjunto da divisão estratégica da UniCredit.