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Depois da Rússia, a Índia corre para obter sua vacina contra o coronavírus

O terceiro país com mais casos de covid-19 no mundo tinha a meta de anunciar um avanço contra a doença para celebrar o dia de sua independência

Coronavírus: índia trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 (Fundo Russo de Investimento Direto/Reuters)

Coronavírus: índia trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19 (Fundo Russo de Investimento Direto/Reuters)

A Índia comemora neste sábado (15) o 74º aniversário de sua independência em relação ao império britânico. Como tem feito há sete anos, o primeiro-ministro Narendra Modi – que se tornou ontem o quarto premiê há mais tempo no cargo no país – deverá fazer um discurso do alto das muralhas do Forte Vermelho, o colossal conjunto de fortificações de pedras vermelhas em Nova Délhi que, durante muito tempo, foi ocupado pelos britânicos. Ali, no mundo ideal, Modi anunciaria uma das notícias mais aguardadas pela população de seu país: a aprovação da primeira vacina contra a covid-19 desenvolvida na Índia.

Era essa, pelo menos, a meta do Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR, na sigla em inglês), o órgão responsável pela coordenação da pesquisa biomédica no país. No início de julho, o diretor-geral do ICMR, Balram Bhargava, enviou uma carta aos hospitais envolvidos nos estudos da Covaxin, uma vacina contra o novo coronavírus que está sendo pesquisada pela farmacêutica indiana Bharat Biotech em conjunto com o Instituto Nacional de Virologia, ligado ao ICMR. Bhargava pediu aos hospitais que acelerassem os testes para que a primeira vacina indiana contra a covid-19 pudesse estar pronta para ser aprovada até 15 de agosto, a data nacional do país.

O exíguo prazo – que dificilmente será cumprido – de seis semanas estabelecido para o desenvolvimento da vacina recebeu críticas da comunidade científica indiana, pelos riscos de aprovar um produto sem que ele passe por todos os testes de eficácia e segurança. Uma vacina deve passar normalmente por três fases de testes em humanos. A Covaxin recebeu aprovação do órgão regulatório indiano para realizar os testes apenas das fases 1 e 2. A primeira fase envolveu cerca de 300 voluntários e a segunda, mais 700 pessoas. A terceira e última fase prevê a testagem ampla da vacina em milhares de voluntários.

Em tese, em uma pandemia, o uso emergencial de uma vacina sem a conclusão da terceira fase poderia ser aprovado caso os dados das duas primeiras fases sejam suficientemente convincentes – mas geraria grande desconfiança dos cientistas, como tem ocorrido com a vacina russa anunciada na terça-feira pelo presidente Vladimir Putin.

A Covaxin é uma vacina do tipo “inativada”. Ela usa partículas do coronavírus mortas e que, portanto, são incapazes de infectar e se multiplicar. Doses específicas desses micro-organismos são injetadas no corpo humano para fortalecer a imunidade e criar anticorpos contra o vírus. Além da Bharat Biotech, outras cinco empresas da Índia estão testando vacinas contra o coronavírus. No mundo todo, há mais de 100 vacinas sendo pesquisadas, em diferentes estágios de desenvolvimento.

A Índia tem pressa para descobrir uma vacina porque é um dos países onde a pandemia mais tem avançado desde junho. Até ontem, o país tinha quase 2,5 milhões de casos confirmados (atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil) e mais de 48.000 óbitos causados pela covid-19.

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