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Depois da crise, Espanha sela reconciliação com Marrocos

Cerca de 20 acordos foram assinados para facilitar os investimentos espanhóis no Marrocos

Espanha e Marrocos: Acompanhado de uma dezena de ministros, Sánchez presidiu uma "reunião de alto nível" com seu homólogo marroquino, Aziz Akhannouch (Oleksii Liskonih/Getty Images)

Espanha e Marrocos: Acompanhado de uma dezena de ministros, Sánchez presidiu uma "reunião de alto nível" com seu homólogo marroquino, Aziz Akhannouch (Oleksii Liskonih/Getty Images)

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AFP

Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 14h05.

Depois de uma profunda crise diplomática, Espanha e Marrocos consolidaram a reconciliação nesta quinta-feira, 2, em Rabat, apesar das críticas feitas ao chefe de governo Pedro Sánchez, acusado tanto por seus aliados da base governista quanto pela oposição de ceder muito a Rabat.

Acompanhado de uma dezena de ministros, Sánchez presidiu uma "reunião de alto nível" com seu homólogo marroquino, Aziz Akhannouch. Foi a primeira desde 2015.

"Hoje consolidamos [...] a nova etapa que abrimos nas relações entre Marrocos e Espanha", declarou o presidente espanhol, elogiando "o enorme potencial que resta a ser explorado nesta relação".

Sánchez encerrou, assim, um ano de conflito diplomático com Marrocos no final de março de 2022, ao aceitar apoiar o plano de autonomia marroquina para o Saara Ocidental.

A crise eclodiu em abril de 2021, quando Espanha acolheu Brahim Ghali, líder dos separatistas saharauis da Frente Polisário, para um tratamento contra a covid-19.

Esse desfecho não agradou a todos na Espanha.

O partido radical de esquerda Podemos, membro da coalizão do governo, não quis participar da viagem a Rabat, citando seu desacordo com a guinada "unilateral" de Sánchez na questão do Saara Ocidental.

A oposição conservadora e a imprensa viram como uma desconsideração o fato de Sánchez não ter sido recebido por Mohammed VI.

Elías Bendodo, coordenador-geral do Partido Popular, principal força da oposição, lamentou nesta quinta-feira que "a Espanha dá uma imagem de fraqueza".

"A ausência de Mohamed VI mancha a cúpula hispano-marroquina", noticiou o jornal El País (centro-esquerda).

Antes de sua chegada a Rabat, na quarta-feira, 1º, o líder socialista falou por telefone com o rei Mohammed VI, que o convidou a voltar "muito em breve" ao Marrocos para uma visita oficial "para reforçar essa dinâmica positiva", segundo o gabinete real.

Acordos econômicos

Pedro Sánchez afirmou que "a Espanha quer ser um investidor de referência" para "promover investimentos em setores estratégicos para o desenvolvimento e para a modernização do Marrocos".

"Marrocos e Espanha querem estabelecer uma nova parceria econômica a serviço do desenvolvimento", destacou Akhannouch.

Para isso, foi aprovado um novo protocolo financeiro que vai duplicar – até 800 milhões de euros (US$ 877 milhões) – a ajuda do governo espanhol a projetos de investimento em Marrocos.

Cerca de 20 acordos foram assinados para facilitar os investimentos espanhóis no Marrocos, nos setores de energia renovável, usinas de dessalinização de água, transporte ferroviário, turismo, educação e cultura. A Espanha é o terceiro maior investidor estrangeiro no país.

Também está previsto um acordo para "normalizar totalmente a passagem de pessoas e mercadorias" nas fronteiras marítimas e terrestres. A abertura de passagens terrestres se refere aos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, no norte do Marrocos.

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