Bolsonaro: ex-presidente entrou nos EUA em 31 de dezembro, e deixou de ser presidente do Brasil no dia seguinte (AFP/AFP)
Carolina Riveira
Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 17h57.
Última atualização em 10 de janeiro de 2023 às 17h55.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse nesta segunda-feira, 9, que qualquer cidadão que tenha entrado no país com passaporte diplomático mas que "não mais exerça" tais atividades tem um prazo para deixar o país ou mudar o visto.
Price falou sobre o tema após ser questionado por jornalistas diante da situação do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Bolsonaro está na Flórida desde 31 de dezembro e sua situação imigratória ganhou tração entre a imprensa americana após os ataques em Brasília no domingo, 8.
O porta-voz não quis comentar especificamente a situação de Bolsonaro, e disse que situações individuais de vistos são privadas.
Ainda assim, repetiu quais são as regras para quaisquer viajantes com passaporte diplomático, como é o caso de Bolsonaro. Price afirmou que pessoas que entraram nos EUA com funções diplomáticas, ao deixarem de exercer essas funções, têm 30 dias a partir disso para ou deixar voluntariamente o país ou mudar o status do visto para permanecer em solo americano.
No caso de Bolsonaro, será preciso que o ex-presidente, então, solicite a mudança de seu status nos próximos dias caso queira permanecer no país. Viajantes com visto comum de turista ou de negócios podem ficar nos EUA por até seis meses seguidos. Depois, também só podem continuar caso mudem para um visto de trabalho ou de estudo, por exemplo.
Price disse ainda que o governo americano ainda não recebeu nenhum pedido de cooperação a respeito do caso Bolsonaro. "Neste caso, ainda não recebemos nenhum pedido por informação", disse o porta-voz. "Se for útil para as autoridades brasileiras receberem informação do governo dos EUA, nós claro entregaremos esse pedido prontamente."
Acerca de eventual deportação de Bolsonaro, Price também disse que EUA e Brasil tem forte "cooperação" e que, se houver o cumprimento de alguma decisão judicial e da lei brasileira que precise ser exercido em solo americano, os EUA estão "preparados para fazê-lo".
Declaração parecida já havia sido feita mais cedo pelo conselheiro de Defesa dos EUA, Jake Sullivan, que afirmou que o governo americano ainda não recebeu pedidos do Brasil.
Price, do Departamento de Estado, também voltou a reforçar declarações que já haviam sido feitas pelo presidente americano, Joe Biden, e outros secretários no domingo, em apoio às "instituições democráticas" do Brasil e condenação dos ataques em Brasília. Price disse que as instituições brasileiras apresentaram "resiliência notável nas últimas 24 horas".
Bolsonaro está nos EUA desde 31 de dezembro, tendo desembarcado no último dia de seu mandato.
O status de Bolsonaro ganhou mais destaque nos EUA nas últimas 24 horas, após a invasão e ataques terroristas aos prédios dos poderes em Brasília no domingo, 8 - que, aos americanos, lembrou a invasão do Capitólio no país orquestrada por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Após os ataques de domingo, alguns políticos americanos passaram a cobrar uma expulsão de Bolsonaro do país.