Jeff Sessions: democratas afirmam que procurador "mentiu sob juramento" ao Senado norte-americano (Kevin Lamarque/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de março de 2017 às 09h01.
Última atualização em 2 de março de 2017 às 09h07.
Washington - Altos cargos democratas no Congresso pediram nesta quinta-feira a demissão do procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, após a revelação de que ele se reuniu com embaixador russo em Washington durante a campanha presidencial, algo que ocultou do Senado.
Sessions, cujo cargo é o equivalente em outros países ao de ministro da Justiça, é o responsável por supervisionar a investigação sobre a suposta ingerência russa durante as eleições e os supostas ligações entre a campanha do agora presidente Donald Trump e o Kremlin.
A líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, lembrou que Sessions "mentiu sob juramento" quando negou contatos com funcionários russos durante seu processo de confirmação no Senado e pediu sua demissão.
"O procurador-geral deve renunciar", disse a congressista, solicitando que se forme uma "comissão independente, bipartidária e externa que investigue as conexões políticas, pessoais e financeiras de Trump com os russos".
Também pediu a cabeça do procuradora-geral, a senadora Elizabeth Warren, uma praga do governo de Trump.
"Será que a procuradora-geral terá última palavra na investigação das forças de segurança sobre as ligações entre a campanha de Trump e Rússia? É farsa. Isto não é normal", disse a senadora, que propôs a designação de um promotor especial que fique encarregado pela investigação.
A nomeação de um promotor especial também encontrou o apoio do senador Lindsey Graham, um habitual entre os republicanos críticos de Trump, que disse que de se confirmar as informações sobre ele Sessions deveria se afastar da investigação.
Todos eles reagiram às informações publicadas ontem à noite pelo "The Washington Post" sobre os encontros entre Sessions, então senador e assessor da campanha de Trump, com o embaixador russo em Washington, Sergey Kislyak, em julho e setembro do ano passado, meses antes das eleições.
Estas reuniões ocorreram no meio de uma tempestade política pela suposta ingerência do Kremlin em favor de Trump em forma de ataques cibernéticos contra servidores do Partido Democrata e da campanha de seu candidata, Hillary Clinton.
O próprio Sessions reagiu à informação divulgada pelo jornal. "Nunca me reuni com funcionários russos para falar de assuntos da campanha. Eu não tenho ideia do que é isso. É falso", disse em comunicado.
O procurador-geral alega que seus encontros com Kislyak não tiveram nada a ver com a campanha de Trump e que esteve com ele como membro do Comitê de Serviços Armados do Senado.
Durante o processo de confirmação no Senado, Jeff Sessions foi questionado pelos democratas sobre sua disposição em investigar os supostas ligações da campanha de Trump com o Kremlin como futuro chefe do Departamento de Justiça.
"Se há alguma prova que algum membro da campanha de Trump se comunicou com o governo russo durante esta campanha, que o faria?", perguntou o senador Al Franken, e a resposta de Sessions foi: "Não tenho conhecimento de nenhuma dessas atividades".
Além disso, Sessions afirmou que "não teve contatos com russos".
Estas revelações ameaçam criar uma nova crise no governo de Trump, que já viu há umas semanas como os contatos com Kiskyak antes, durante e depois das eleições lhe custaram o posto ao então assessor de segurança nacional da Casa Branca, general Michael Flynn.
O presidente Trump negou sempre qualquer tipo de conexão de sua campanha com o Kremlin. EFE