GAVIN NEWSON, GOVERNADOR DEMOCRATA ELEITO NA CALIFÓRNIA: partido levou 60% dos votos femininos pelo país / REUTERS/Mike Blake
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2018 às 05h56.
Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 06h35.
Pouco depois das 5h de Brasília o presidente americano, Donald Trump, telefonou para a líder democrata no Congresso, Nancy Pelosi, para parabenizá-la pela vitória nas eleições de meio de mandato, que renovaram dois terços do Congresso e 36 dos 50 estados americanos. A vitória democrata, ainda não confirmada oficialmente, mas apontada por uma série de institutos de pesquisa, sinaliza uma acirrada disputa pela Casa Branca em 2020.
Foi uma noite de apuração intensa, bem ao estilo americano, com a disputa voto a voto em centenas de distritos pelo país. Com o passar das horas, foi ficando claro não se haveria uma prevista onda azul, a cor democrata, mas com que intensidade ela viria. O elemento definidor da vitória, segundo analistas, foi a intensa mobilização de jovens e integrantes de minoria, públicos que participam pouco das eleições de meio de mandato, mas que costumam votar pelos democratas. Acabou sendo o maior comparecimento em 50 anos. Também pesou a intensa participação feminina — 60% dos votos delas foram para os democratas.
Até as 6h, os democratas haviam conquistado 26 cadeiras republicanas na Câmara e faltavam apenas três para garantir a maioria com 28 ainda em disputa. Os olhos se voltam agora ao senado, onde os republicanos continuarão com maioria — a dúvida é com que margem. É um alento para Trump, possível com a vitória de um de seus adversários em 2016, o texano Ted Cruz.
Outra dúvida é quantos dos 36 estados em jogo irão para os democratas, o que deve sinalizar não apenas o tamanho da dificuldade de Trump na sua metade final de mandato, mas a capacidade democrata de arrebanhar votos para a corrida presidencial de 2020. Até as 6h, os democratas estavam levando seis estados que até ontem estavam em mãos republicanas. Entre as vitórias emblemáticas dos democratas estão Wisconsin, estado considerado chave para 2020.
A vitória mostra, de um lado, a capacidade de renovação do partido Democrata, que saiu da última corrida presidencial muito criticado por uma estratégia antiquada e distante da população — Hillary Clinton conseguiu ter taxas de rejeição maiores que as de Trump. Agora, um renovado ativismo de suas bases mostrou ao partido que há uma forma de combater a verborragia e os excelentes números econômicos de Donald Trump, que mantém o país com pleno emprego desde que assumiu. O total dos votos a governador apurados até as 6h mostram o equilíbrio da disputa: 38,2 milhões de votos em candidatos democratas, ante 38,2 milhões de votos em republicanos.
Num país com eleições tradicionalmente acirradas, a diferença costuma estar nos detalhes. E os detalhes, nesta quarta-feira, jogaram do lado democrata. A oportunidade do partido está em manter acesa a chama até 2020.