FILE PHOTO: President-elect Joe Biden points to Democratic Senate candidates from Georgia Jon Ossoff and Raphael Warnock, as he campaigns on their behalf ahead of their January 5 run-off elections, during a drive-in campaign rally in Atlanta, Georgia, January 4, 2021. REUTERS/Jonathan Ernst/File Photo (Jonathan Ernst/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 18h25.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 19h13.
O candidato democrata Jon Ossoff levou a segunda das duas vagas em disputa no Senado da Geórgia. Segundo informações do The New York Times, o democrata não tem mais chances de ser ultrapassado. Ossoff, que lidera por margem de 1,4% dos votos, também declarou vitória nesta manhã.
A confirmação ocorre após uma multidão formada por apoiadores do presidente Donald Trump ter invadido o prédio do Congresso americano nesta quarta-feira, dia 6, com a intenção de bloquear a sessão de confirmação da vitória do democrata Joe Biden. Em geral, a cerimônia costuma ser breve, já que trata-se basicamente de uma formalidade.
Washington decidiu decretar toque de recolher a partir das 18h (no horário local). Os deputados, senadores e funcionários do Congresso que estão dentro do prédio não podem sair por causa da violência que tomou conta do local.
A eleição na Geórgia aconteceu nesta terça-feira, 5, fazendo parte do segundo turno da disputa pelo Senado. O pleito se tornou importante por que definirá as duas últimas vagas restantes e a maioria na Casa, o que impactará na governabilidade do presidente eleito Joe Biden.
Ossoff lidera contra o republicano David Perdue, atual ocupante do cargo. Às 18h28, Ossoff tinha 50,7% dos votos, ante 49,3% de Perdue.
Aos 33 anos, Ossoff se tornou o candidato mais jovem eleito em quase cinco décadas, desde o próprio Joe Biden, que foi eleito senador em 1973 em Delaware quando tinha apenas 30 anos.
Mais cedo, os principais veículos americanos já confirmaram a vitória do reverendo democrata Raphael Warnock, de 51 anos, primeiro senador negro eleito na história da Geórgia e primeiro negro eleito nos estados do Sul.
Warnock, que é da mesma igreja em que Martin Luther King foi pastor, teve 50,6% dos votos, ante 49,4% do republicano Kelly Loeffler.
A Geórgia tem sido palco de eleições acirradas. Na eleição presidencial em novembro, Joe Biden venceu por pouco mais de 11.000 votos, em disputa também apertada contra o presidente Donald Trump.
Naquela mesma eleição, os outros senadores nos Estados Unidos foram eleitos no restante do país, mas a disputa no Senado da Geórgia ficou para o segundo turno justamente por ter tido margem pequena entre os candidatos (uma vez que regras do estado exigem vantagem maior no primeiro turno).
Após a confirmação das duas vitórias, será a primeira vez que a Geórgia elege senadores democratas desde a década de 1990.
Com as duas cadeiras da Geórgia, os democratas igualam os republicanos em número de senadores, com 50 cada. O empate favorece os democratas porque, pelas regras, futuros empates em decisões de votação no Senado são decididas pelo vice-presidente — nesse caso, a vice-presidente eleita Kamala Harris, o que favorece os democratas.
No Twitter, Ossoff publicou uma postagem declarando vitória, sem aguardar as demais confirmações. "É com humildade que eu agradeço à população da Geórgia por me eleger para servir o Senado dos Estados Unidos". A manifestação fez o Twitter, horas depois, adicionar uma mensagem de aviso de que o resultado ainda não havia sido confirmado.
Thank you, Georgia. https://t.co/IupT2d69aF
— Jon Ossoff (@ossoff) January 6, 2021
A eleição na Geórgia acontece ainda em meio aos polêmicos áudios do presidente Trump divulgados no fim de semana. O presidente apareceu em uma ligação pressionando o secretário de Estado na Geórgia a reaver os resultados da eleição. “Eu só quero encontrar 11.780 votos”, disse, se referindo à derrota contra Biden na eleição presidencial, na qual alega fraude.
Outrora tradicionalmente republicano, o estado é agora um “trabalho em andamento” para os democratas, disse em entrevista à EXAME antes da eleição o cientista político Charles Bullock, professor da Universidade da Geórgia. “A vitória de Biden na Geórgia não indica que seja um estado azul”, diz, se referindo à cor do Partido Democrata. “Mas o estado está ficando mais balanceado em termos de partidarismo.”
Ambos os candidatos democratas na Geórgia acenam para um crescente eleitorado jovem e engajado, ganhando vantagem sobretudo nos centros urbanos, enquanto os republicanos ganham entre os mais velhos e em cidades menores. Mudanças demográficas, com mais eleitores jovens nas cidades, são parcialmente responsáveis pelo resultado positivo aos democratas na Geórgia e em outros estados no Sul americano — além da Geórgia, Biden venceu também no Arizona, ambos pela primeira vez desde Bill Clinton na década de 1990.