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Democracia cai pelo oitavo ano seguido, diz estudo — e o que a IA pode ter a ver com isso

Relatório mostra como a desconfiança nas eleições e o uso inadequado de tecnologia estão prejudicando a governança em vários países

Inteligência artificial e desinformação colocam em risco democracia, de acordo com estudo do IDEA. (TSE/Divulgação)

Inteligência artificial e desinformação colocam em risco democracia, de acordo com estudo do IDEA. (TSE/Divulgação)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 13h24.

A democracia ao redor do mundo vem enfrentando uma série de desafios que têm enfraquecido seu funcionamento, segundo um relatório recente da organização International IDEA. Em 2023, o número de países que experimentaram declínios em indicadores democráticos atingiu seu nível mais alto em quase cinco décadas. Entre os problemas mais evidentes estão a desinformação, interferência estrangeira e o uso inadequado de inteligência artificial em campanhas eleitorais, que estão comprometendo a confiança nas eleições. As informações são da AP

De acordo com o relatório, 47% dos países analisados apresentaram quedas significativas em áreas como transparência eleitoral, estado de direito e liberdades civis. Esse é o oitavo ano consecutivo de retrocesso democrático global. O relatório destaca que esses problemas afetam tanto nações com democracias emergentes quanto aquelas que historicamente mantinham sistemas estáveis.

Participação eleitoral em declínio

O declínio na participação dos eleitores é um dos aspectos mais preocupantes apontados no estudo. Entre 2008 e 2023, a porcentagem de cidadãos que compareceram às urnas caiu de 65,2% para 55,5%. Esse afastamento dos eleitores em relação ao processo político é um indicativo de que a desconfiança no sistema democrático está crescendo.

Além disso, o relatório revelou que cerca de 20% das eleições realizadas entre 2020 e 2024 tiveram seus resultados contestados por candidatos ou partidos derrotados. O aumento na judicialização dos processos eleitorais está contribuindo para a erosão da confiança nas instituições democráticas, tornando o cenário ainda mais complexo

Cenários regionais

O estudo traz uma análise regional detalhada sobre o estado da democracia. Na África, por exemplo, apesar de alguns avanços em países como Burundi e Zâmbia, a região do Sahel tem visto retrocessos, especialmente em países como Burkina Faso, onde golpes militares desestabilizaram a governança. Já na América Latina, nações como Guatemala e Peru enfrentam dificuldades, particularmente no que diz respeito à manutenção do estado de direito.

Na Ásia, o relatório destaca que países como Afeganistão e Mianmar estão entre os que mais sofreram retrocessos, com o primeiro sob o controle do Talibã desde 2021 e o segundo em meio a uma guerra civil após a tomada de poder pelos militares. Em contraste, as Ilhas Maldivas e Fiji têm mostrado sinais de progresso.

Tecnologia nas eleições

O relatório também apontou o uso crescente de tecnologias, como inteligência artificial, para manipular campanhas eleitorais e influenciar a opinião pública de maneira prejudicial. A desinformação é uma das principais ferramentas usadas para minar a confiança no sistema eleitoral, criando incertezas sobre os resultados e alimentando a polarização política.

A International IDEA enfatiza a importância de regular o uso de IA em processos eleitorais, garantindo que essas tecnologias sejam usadas de maneira ética e transparente. A organização também alerta para a necessidade de maior proteção contra interferências externas, que continuam a ameaçar a integridade das eleições em várias partes do mundo.

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