Declarações reforçam a participação do senador Demóstenes Torres e do governador de Goiás, Marconi Perillo, no esquema de corrupção (Antonio Cruz/Abr)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2012 às 20h42.
Embora tenha evitado fazer novas acusações, o delegado da Polícia Federal (PF) Raul Alexandre Souza confirmou, em depoimento à CPI do Cachoeira nesta terça-feira, a participação de agentes públicos na quadrilha que comandava os caça-níqueis em Goiás. Em sessão sigilosa, o investigador - responsável pela operação Vegas, deflagrada pela PF em 2009 - não citou novos nomes e se esquivou de perguntas capciosas. Mas referendou o que mostra o inquérito da operação.
"Ele não apresentou nenhum novo nome", disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) considerou o depoimento "fraco". Ainda assim, segundo ele, o delegado deu declarações que reforçam a participação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no esquema.
Indícios - O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) concordou com Lorenzoni: "Estou mais convencido do envolvimento dos parlamentares com a organização criminosa do Carlos Cachoeira", afirmou, citando Demóstenes e os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Ainda segundo o senador, o depoimento também confirma as suspeitas sobre a ligação da construtora Delta com a quadrilha :"Há indícios fortes de envolvimento amplo da Delta. Vamos precisar adentrar para encontrar essa rede de envolvimento, no âmbito dos municípios, notadamente de Goiânia e Anápolis, e no âmbito dos governos estaduais e federal", afirmou.
A reunião teve início por volta das 15 horas. Depois de uma intensa discussão sobre a necessidade de impor sigilo ao depoimento do delegado, os parlamentares decidiram tornar a sessão reservada. O mesmo será feito na quinta-feira, quando a Comissão Parlamentar de Inquérito ouvirá um delegado da Polícai Federal e dois procuradores do Ministério Público Federal (MPF).