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Delegação da Colômbia e Farc mostram primeiras diferenças

O chefe negociador das Farc, "Ivan Márquez", conhecido como Luciano Marín Arango, disse que "a paz não significa o silêncio dos fuzis"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2012 às 17h26.

Hurdal - As delegações do governo da Colômbia e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) deixaram evidentes nesta quinta-feira suas divergências sobre o modelo de Estado e de sistema econômico, após constituírem em Oslo a mesa de diálogo para a paz que começará a negociar em Havana no dia 15 de novembro.

O chefe negociador das Farc, "Ivan Márquez", conhecido como Luciano Marín Arango, disse que "a paz não significa o silêncio dos fuzis, mas consiste em transformar a estrutura do Estado e as estruturas econômicas", e acrescentou que com essa política vai continuar a violência e o conflito, independentemente da luta armada.

Durante seu discurso no ato de constituição da mesa de diálogo em Hurdal, nos arredores de Oslo, Márquez advertiu contra uma "paz expressa", e criticou com dureza a política econômica do governo colombiano.

Boa parte do discurso do chefe da guerrilha focou nas críticas à reforma agrária do governo, nos "benefícios" às multinacionais, nos tratados de livre-comércio, no Plano Colômbia e na "corrupção".

Além disso, os negociadores das Farc leram em seu comparecimento o preâmbulo do acordo de Havana em que se menciona o desenvolvimento econômico e social para justificar que esses temas podem ser discutidos.

Por outro lado, o principal negociador do governo da Colômbia, Humberto de la Calle, ressaltou que o modelo econômico e o investimento estrangeiro não estão na agenda, que vai se concentrar nos cinco temas estipulados em Havana: desenvolvimento rural, garantir a oposição política, o fim do conflito armado, a solução para o tráfico de drogas e os direitos das vítimas.

"Se as conversas não avançarem, o governo não será refém deste processo", advertiu De la Calle, que informou que sua delegação volta amanhã para a Colômbia.


Durante o seu discurso, o ex-vice-presidente convidou às Farc para um "esforço mútuo" para acabar com o conflito.

De la Calle elogiou a maneira "rigorosa" com que a guerrilha e o governo mantiveram seus compromissos na primeira parte do processo de paz, apesar das "complexidades logísticas".

Também destacou a necessidade de se chegar a acordos "eficazes" e pediu "respeito" e "discrição", o que não significa que a opinião pública fique à margem do processo.

"Nada está estipulado se tudo não está de acordo", disse De la Calle, ressaltando uma agenda de negociações "audaz e progressista", que inclui temas como o problema da terra, que será o primeiro a ser debatido no dia 15 de novembro em Havana.

De la Calle mostrou seu desejo de que as Farc possam expor suas ideias sem armas e citou o exemplo de outros movimentos da esquerda na América Latina que chegaram ao poder pelas urnas.

"Ivan Márquez", enquanto isso, afirmou que a guerrilha chega "com um sonho coletivo de paz e com um ramo de oliveira nas mãos".

O objetivo da guerrilha, acrescentou, é "buscar a paz com justiça social por intermédio do diálogo", com o povo colombiano como protagonista.

As declarações foram feitas após o anúncio das autoridades norueguesas e cubanas da constituição da mesa de diálogo para a paz, que depois será transferida para Havana.

As partes concordaram em realizar um novo encontro preparatório na capital cubana no dia 5 de novembro, que precederá o início do diálogo, cujo primeiro tema será o desenvolvimento rural integral, segundo Abel García, representante das autoridades de Cuba, que é mediadora do processo junto com a Noruega.

Já o chefe negociador do governo explicou que a ausência do general reformado da polícia, Óscar Naranjo, na Noruega se deve a compromissos pessoais, mas acrescentou que ele será incorporado mais adiante, assim como a guerrilheira holandesa Tanja Nijmeijer se integrará às Farc em Havana.

O ex-vice-presidente colombiano disse que a participação de "Simón Trinidad", guerrilheiro preso nos EUA que as Farc querem incluir na mesa, é um tema à parte, embora "Márquez" pediu aos EUA e à Colômbia que facilitem sua participação. 

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