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Degradação natural causa pobreza e inundações no Vale do Ribeira, denuncia ONG

Cobertura vegetal foi substituída por bananais, que vêm causando pobreza e inundações na região

Bananais às margens do Ribeira: monocultura é responsável pelo assoreamento do rio (ANDRE PENNER/VEJA)

Bananais às margens do Ribeira: monocultura é responsável pelo assoreamento do rio (ANDRE PENNER/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 07h01.

Iguape - Os extensos bananais às margens do Rio Ribeira são uma evidência do descaso com os recursos hídricos na região, onde estão 23% das áreas remanescentes de Mata Atlântica. “O drama é que tiraram toda a cobertura vegetal: tem banana de ponta a ponta”, lamenta o diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.

Toda a região ocupada irregularmente para a agricultura se tornou, de acordo com Mantovani,  suscetível a inundações nas épocas de cheia do rio. Isso mostra os crescentes efeitos da degradação ambiental no Vale do Ribeira, região que teve os 2,1 milhões de hectares de florestas, 150 mil de restingas e 17 mil de manguezais declarados patrimônio natural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco).

Segundo ele, a monocultura é responsável por grande parte do processo de assoreamento do rio. “O rio está completamente assoreado porque tem banana dentro dele”, ressalta, ao se referir às várzeas do Ribeira.

O diretor da fundação lembra que é importante diferenciar as comunidades tradicionais, que cultivam banana na parte alta do Ribeira e têm “uma história bonita”, das plantações feitas abaixo da cidade de Registro. A partir desse ponto, Mantovani afirma que mesmo os pequenos produtores são dominados pelos grandes fazendeiros que não respeitam as leis ambientais. “Cara que joga veneno em cima do rio”, acrescenta.

Para Mantovani, esse problemas devem ser trabalhados juntamente com a construção da barragem para fechar o canal artificial que lança água do Ribeira dentro do estuário de Iguape, destruindo os manguezais. Ele ressalta, no entanto, que o assoreamento, e não a represa, é que causa as inundações nas várzeas do rio.

O diretor da ONG explicou que essa dinâmica predatória faz com que a riqueza natural da região do vale não se reflita em ganhos para a população local. Ele destaca que a maior parte dos municípios do Ribeira é dependente da lei estadual que destina uma parte dos recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a municípios com áreas de mata preservadas.

O maior recebedor desse créditos é Iguape, onde o financiamento corresponde a aproximadamente 12% da receita.  Até setembro de 2010, o município havia recebido cerca de R$ 3,6 milhões por meio do  ICMS ecológico. O cultivo de banana na cidade é responsável pela movimentação de R$ 1,7 milhão ao ano, de acordo com o Censo Agropecuário de 2006.

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