Mundo

Degelo dizima colônias de pinguins-imperadores na Antártica

Quatro colônias do Mar de Bellingshausen perderam todos os filhotes por afogamento ou frio

Mudanças climáticas: um pinguim-imperador na Nova Zelândia em 20 de junho de 2011 (Marlowe Hood/AFP)

Mudanças climáticas: um pinguim-imperador na Nova Zelândia em 20 de junho de 2011 (Marlowe Hood/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 24 de agosto de 2023 às 15h16.

Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 15h28.

A sobrevivência dos pinguins-imperadores pode estar seriamente ameaçada, de acordo com um estudo que constatou uma mortalidade "catastrófica" de filhotes em várias colônias na Antártica, como resultado do degelo precoce causado pelas mudanças climáticas.

Das cinco colônias observadas na região do Mar de Bellingshausen, no oeste da Antártica, quatro sofreram uma perda "catastrófica" de 100% dos filhotes, que morreram afogados ou de frio quando o gelo cedeu debaixo deles.

Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente

Eles ainda não estavam maduros o suficiente para lidar com as duras condições climáticas da região, explicam os pesquisadores no estudo publicado nesta quinta-feira, 24, na revista Communications: Earth & Environment, da Springer Nature.

"Este é o primeiro grande fracasso reprodutivo de pinguins-imperadores em várias colônias ao mesmo tempo, devido ao derretimento do gelo marinho, e é provavelmente um sinal do que está por vir", disse à AFP o principal autor do estudo, Peter Fretwell, pesquisador do British Antarctic Survey.

"Já tínhamos previsto isto há algum tempo, mas ver acontecer de fato é assustador", lamentou.

Frágil

Durante a primavera do ano passado no Hemisfério Sul, o gelo marinho da Antártica, formado pelo congelamento da água salgada do oceano, atingiu taxas de derretimento recorde, antes de cair em fevereiro para o seu nível mais baixo desde que as medições por satélite começaram, há 45 anos.

Esse degelo precoce ocorreu no meio da temporada de reprodução desta espécie, por si só já complexa e frágil.

Estas aves marinhas se reproduzem no inverno, a partir de junho, quando as temperaturas são mais rigorosas. Os ovos eclodem em setembro, antes da chegada da primavera, e os filhotes atingem sua autonomia por volta de janeiro-fevereiro.

A população de pinguins-imperadores, também conhecidos como Aptenodytes forsteri, consistia em cerca de 250 mil casais reprodutores, todos na Antártica, de acordo com um estudo de 2020.

As colônias do mar de Bellingshausen representam menos de 5% desse total. "Mas, globalmente, 30% de todas as colônias foram afetadas pelo degelo no ano passado, e por isso haverá muitos filhotes que não sobreviveram", alerta Fretwell.

Todos os anos, a partir de março, os adultos embarcam em uma viagem de até mais de 100 quilômetros para chegar aos locais de reprodução no gelo, que são sempre os mesmos.

As fêmeas põem um único ovo e o deixam aos cuidados do macho enquanto saem em busca de alimento, chegando a percorrer várias centenas de quilômetros.

Os machos mantêm os ovos aquecidos, equilibrados sobre suas patas e cobertos por dobras da pele que formam uma bolsa incubadora. Tudo isso sem se mover nem comer, enquanto aguardam o retorno das fêmeas.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisAnimais em extinçãoMudanças climáticasAquecimento global

Mais de Mundo

Milei tira monopólio em aeroportos e alerta Aerolíneas: “ou privatiza ou fecha”

Sinos da Notre Dame tocam pela primeira vez desde o incêndio de 2019

França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul

Putin não vê chances de relações normais com Ucrânia se ela não desistir de aderir à Otan