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Déficits: FMI encoraja a Europa e reprova Brasil

A "deterioração das contas no Brasil está particularmente marcada" disse a entidade; Japão e EUA também são alvos de críticas

Segundo o FMI, o governo Dilma terá como desafio diminuir o déficit do país (Jane de Araújo/Agência Senado)

Segundo o FMI, o governo Dilma terá como desafio diminuir o déficit do país (Jane de Araújo/Agência Senado)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 15h58.

Washington - O Fundo Monetário Internacional elogiou nesta quinta-feira os esforços empregados por países europeus para reduzir seus déficits, e criticou os excessos de Brasil, Japão e Estados Unidos, em um relatório sobre as finanças públicas das grandes economias mundiais.

A "deterioração das contas no Brasil está particularmente marcada" e o governo estará longe de atingir seus objetivos, segundo o FMI.

A projeção para o déficit público brasileiro é de 2,3% do PIB em 2011 e de 3,1% no ano que vem.

O ritmo dos gastos da maior economia da América Latina é escessivo em relação à arrecadação, explicou em coletiva de imprensa Caro Cottarelli, diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo.

"Para um país como o Brasil, talvez seja possível que o déficit público primário seja, no longo prazo, maior" que as cifras contidas no relatório de previsões, "talvez de 0,5% a 1% do PIB", explicou.

Em geral, "o que ocorre na América Latina é o mesmo que entre os países emergentes do G20", completou em coletiva de imprensa Philip Gerson, conselheiro do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo.

"Alguns exportadores de matérias-primas estão colhendo os benefícios (da alta dos preços), em outros, nos preocupa a alta da renda e o gasto ao mesmo tempo", informou.

Ao divulgar seu "Monitor de Finanças Públicas", que detalha as projeções para 14 países, o FMI estimou que três Estados da Zona do Euro (Alemanha, Espanha e França) e o Reino Unido eram os que registravam mais progressos em seu plano de redução do déficit.

"Os maiores países europeus vão reequilibrar seus orçamentos em 2011", devendo ainda "melhorar sua situação fiscal em 2012", destacou.

Para estes países, o déficit deverá ser reduzido em 2011 de um a três pontos do Produto Interno Bruto, em relação ao de 2010.

"O encolhimento do orçamento na Alemanha e na França, conjugado a medidas discricionárias e a uma aceleração do crescimento, contribuirá para reduzir notavelmente o déficit", explicou.

"A redução do déficit na Espanha será o mais pronunciado entre os grandes países europeus", o que é elogiável, explicou Cottarelli, e o governo britânico "anunciou medidas detalhadas visando a reduzir as despesas", acrescentou a instituição.

Mas tanto para os países de dentro como de fora da Zona do Euro, como o Reino Unido, "as tensões serão particularmente pronunciadas no primeiro semestre do ano", indicou o Fundo.

Durante esse período, esses países deverão competir com outras nações avançadas e refinanciar até 5 bilhões de dólares em empréstimos, advertiu o FMI.

O Fundo lembrou ainda que Estados Unidos e Japão seguem uma má tendência.

"Os Estados Unidos serão o único grande país avançado a realizar uma política orçamentária procíclica [de retomada] este ano", revelou o Fundo. Seu déficit deverá acentuar-se em 2011, para até 10,8% do PIB.

"No Japão (déficit de 9,3% em 2011), a redução já modesta do déficit global prevista para 2011 foi incrementada" com um aumento suplementar de gastos aprovado pelos deputados em novembro, lamentou o FMI no documento.

Tanto Washington como Tóquio devem "reforçar sua credibilidade em matéria de ajuste, informando as medidas que serão adotadas para cumprir seus compromissos", explicou o FMI.

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