Agência de notícias
Publicado em 6 de maio de 2025 às 15h25.
Última atualização em 6 de maio de 2025 às 15h42.
O déficit comercial dos Estados Unidos cresceu 14%, alcançando um nível recorde em março, à medida que empresas correram para importar produtos, incluindo medicamentos, enquanto o governo de Donald Trump se preparava para impor tarifas generalizadas.
O déficit da balança de bens e serviços atingiu US$ 140,5 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões), segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio nesta terça-feira. A mediana das estimativas em uma pesquisa da agência Bloomberg com economistas apontava para um déficit de US$ 137,2 bilhões (cerca de R$ 784 bilhões).
As importações de bens de consumo tiveram o maior salto já registrado, impulsionadas principalmente pela maior entrada de medicamentos, que aumentaram 71%.
Também aumentaram as importações de equipamentos de capital e veículos.
O relatório mostra o que provavelmente foi o esforço final das empresas americanas para garantir o abastecimento antes de o então presidente Donald Trump anunciar tarifas amplas no dia 2 de abril. Embora os medicamentos tenham sido inicialmente excluídos, Trump afirmou que uma decisão sobre tarifas para produtos farmacêuticos seria tomada nas semanas seguintes.
A forte ampliação do déficit comercial no primeiro trimestre foi o principal fator que levou à contração da economia americana pela primeira vez desde 2022. O produto interno bruto (PIB) recuou 0,3% em termos anualizados no período de janeiro a março, com o saldo líquido das exportações subtraindo quase 5 pontos percentuais da atividade — a maior perda já registrada.
O valor total das importações americanas saltou 4,4% para um recorde histórico, enquanto as exportações avançaram apenas 0,2%. O déficit comercial de bens com a Irlanda disparou para US$ 29,3 bilhões (cerca de R$ 167 bilhões), em valores ajustados sazonalmente. Empresas farmacêuticas americanas, como Eli Lilly e Pfizer, operam quase 20 fábricas na Irlanda que exportam para os EUA, segundo análise do banco TD Cowen. As importações de medicamentos saltaram 71% em março, atingindo um recorde de US$ 50,4 bilhões (ou R$ 288 bilhões).
O déficit com o Canadá diminuiu, enquanto o saldo negativo com o México permaneceu próximo ao recorde registrado em fevereiro. Já o déficit com a China recuou. Em termos ajustados pela inflação, o déficit total do comércio de bens dos EUA atingiu um recorde de US$ 150,9 bilhões em março.
As exportações canadenses para os EUA caíram 6,6%, a maior queda desde a pandemia de covid-19. Já os embarques para outros países dispararam 24,8%, destacando como as tarifas estão alterando os fluxos comerciais. As importações dos produtos americanos pelo vizinho do norte recuaram 2,9%, segundo dados da Statistique Canada.
As tarifas impostas pelo governo Trump sobre aço, alumínio, automóveis e outros produtos canadenses, assim como as tarifas retaliatórias aplicadas pelo Canadá sobre diversos produtos americanos, levaram a uma forte retração nas trocas comerciais entre o Canadá e seu maior parceiro comercial em março.
Por outro lado, as exportações para outros países foram impulsionadas em parte pelas exportações de ouro e petróleo bruto, informou a agência. As importações vindas de países que não os EUA também subiram 1%.
Como resultado, o déficit comercial de mercadorias do Canadá com o mundo caiu para 506 milhões de dólares canadenses (R$ 2,01 bilhões), ante 1,4 bilhão de dólares canadenses (ou R$ 5,81 bilhões) em fevereiro, superando a estimativa de 1,6 bilhão (aproximadamente R$ 6,6 bilhões) prevista por economistas em pesquisa da agência Bloomberg.
Já o superávit comercial do país com os EUA encolheu para 8,4 bilhões de dólares canadenses, ante 10,8 bilhões em fevereiro.