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Defesa sugere quer autor dos atentados 'esteja louco'

Advogado de Anders Behring Breivik disse que o cliente vive em um mundo paralelo; autoridades o acusam de crimes contra a humanidade

Uma bandeira da Noruega entre as flores dispostas em homenagem às vítimas dos atentados de Oslo e Utoya (Berito Roald/AFP)

Uma bandeira da Noruega entre as flores dispostas em homenagem às vítimas dos atentados de Oslo e Utoya (Berito Roald/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2011 às 13h58.

Oslo - O advogado de Anders Behring Breivik, o autor confesso do duplo atentado da Noruega que matou 76 pessoas, sugeriu nesta terça-feira que seu cliente "está louco" e vive em um mundo paralelo, enquanto as autoridades estudam enquadrá-lo por "crimes contra a humanidade", pena que chega até 30 anos de prisão.

"Todo este caso aponta que ele esteja louco", contestou de forma breve o advogado Geir Lippestad em um encontro com a imprensa, no qual relatou publicamente os primeiros contatos com o ultradireitista.

Por sua vez, as investigações prosseguiram seu curso e a Polícia divulgou os nomes das primeiras vítimas mortais confirmadas, enquanto, o procurador Christian Hatlo estuda a possibilidade de acusar Breivik por "crimes contra a humanidade".

Neste caso, a pena poderia chegar a 30 anos, 11 a mais que o máximo previsto na atualidade no código penal para os crimes terroristas.

No entanto, Lippestad apontou que "ainda é cedo demais" para fazer qualquer avaliação sobre o estado mental de seu cliente e remeteu os exames que realizarão nos próximos dias por no mínimo dois psiquiatras.

Breivik se vê "como um guerreiro" e acredita que esteja em "estado de guerra", por isso que acredita que suas ações sejam justificadas, que considera "necessárias", embora o "Ocidente não consegue entender", disse.

"Espera que isto (o duplo massacre da sexta-feira) desencadeie uma guerra", indicou o advogado, que reiterou que seu cliente afirma que sua suposta organização conta com "duas células" na Noruega e várias em outros países, apesar de sustentar que atuou sozinho nos atentados, que deixou 76 mortos.

Lippestad respondeu positivamente à pergunta sobre se seu cliente esperava que estas células continuassem seu trabalho no futuro e citou alguns traços de personalidade.

"Odeia qualquer pessoa que não seja um extremista. Odeia qualquer que um seja democrata e que defenda os valores democráticos", ressaltou o advogado. "Não o posso descrever. Ele não é como nenhum de nós", disse.

No entanto, o retratou como uma pessoa com uma "visão de realidade rara e difícil de explicar" afirmou Lippestad que concluiu que ele é "muito frio", vive em "uma bolha", e que fala em excesso de seu "manifesto", o documento de 1,5 mil páginas com seus pensamentos que divulgou na internet horas antes dos atentados.

Breivik está sob vigilância especial para que não tente suicídio, e se mostrou "um pouco surpreendido" que seu massacre, "planejado durante anos", saísse como tinha projetado, pois acreditava que a Polícia o detivesse antes.

Enquanto isso, o ministro da Justiça norueguês, Knut Storberget, foi obrigado a sair em defesa das forças de segurança, acusadas de demorar para atender ao atentado e atuar de forma descoordenada.

Storberget qualificou de "fantástica" a gestão policial do duplo atentado, embora não descartasse a possibilidade de realizar uma investigação interna posterior sobre a atuação policial.

"É muito importante que tenhamos uma aproximação aberta e crítica... mas há um tempo para cada coisa", afirmou o ministro, em linha com o apontado ontem pelo diretor da Polícia, Oystein Maeland.

A atuação das forças de segurança norueguesas foi questionada pela demora em responder os pedidos de ajuda do acampamento da ilha de Utoeya, onde o agressor teve uma hora para matar quantos jovens conseguisse - o balanço atual é de 68 mortos - até que chegaram os primeiros agentes.

Segundo as forças de segurança, a impossibilidade de empregar o único helicóptero policial para esta operação levou às forças especiais a mobilizarem uma equipe por terra para depois conseguir um avião apropriado para chegar à ilha.

A outra queixa contra as forças de segurança se centra na descoordenação inicial, algo que Maeland reconheceu na segunda-feira implicitamente quando explicou porque rebaixaram o número total de mortos de 93 para 76.

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