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Defesa: militares de Brasil e Venezuela negociam para evitar confrontos

"Os veículos antidistúrbios, que estavam na barreira montada no país vizinho, recuaram imediatamente", informou o Ministério da Defesa

Bandeiras do Brasil e da Venezuela na fronteira entre os dois países: região foi marcada por conflitos no fim de semana (Bruno Kelly/Reuters)

Bandeiras do Brasil e da Venezuela na fronteira entre os dois países: região foi marcada por conflitos no fim de semana (Bruno Kelly/Reuters)

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Reuters

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 09h28.

São Paulo - Militares de Brasil e Venezuela negociaram para evitar a repetição de confrontos entre forças de segurança venezuelanos e cidadãos venezuelanos em território brasileiro, informou o Ministério da Defesa brasileiro em nota na noite de domingo, após episódios em que bombas de gás lançadas pelas forças venezuelanas atingiram o território do Brasil em Roraima.

"O Ministério da Defesa intercedeu para que novos incidentes, na linha de fronteira, envolvendo venezuelanos e a Guarda Nacional Bolivariana, não voltem a se repetir", afirma a nota.

"Os veículos antidistúrbios, que estavam na barreira montada no país vizinho, recuaram imediatamente. Militares brasileiros e venezuelanos negociaram, no local, e foi entendida a inconveniência da presença desse tipo de aparato militar. No lado brasileiro, o controle dos acolhidos foi reforçado para evitar novos confrontos."

O ministério acrescentou que a fronteira brasileira segue aberta para receber os refugiados venezuelanos que quiserem entrar no país.

Na semana passada, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cuja legitimidade é questionada por grande parte da comunidade internacional e por parcela significativa dos países da América Latina, determinou o fechamento da fronteira com o Brasil e, no fim de semana, forças leais a ele bloquearam a entrada de ajuda humanitária pelas fronteiras com o Brasil e a Colômbia.

Com o agravamento nas tensões na fronteira com a Venezuela, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), decretou estado de calamidade no sistema de saúde do Estado devido ao elevado número de atendimentos de venezuelanos feridos na principal unidade hospitalar de Roraima.

"Já estávamos com situação crítica no setor da saúde em Roraima. A partir dos conflitos na Venezuela, esse problema se agravou. Entraram aqui para atendimento no HGR (Hospital Geral de Roraima), nos últimos dois dias, dezenas de venezuelanos feridos por armas de fogo e quase todos precisaram de cirurgia", disse o governador segundo nota divulgada pelo governo estadual.

"A situação local já era grave. Estávamos tentando fazer as compras, sem precisar decretar o estado de calamidade. No entanto, por causa dos acontecimentos desses dias, analisamos com a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde e com a PGE (Procuradoria Geral do Estado) e entendemos que a capacidade de atendimento da saúde ficou sobrecarregada. Não sabemos o que pode acontecer de agora em diante e estamos nos prevenindo, para não deixar ninguém desassistido."

Também em nota na noite de domingo, a Presidência da República disse que está acompanhando os desdobramentos na região de fronteira com a Venezuela "com atenção e mobilizando todos os meios do governo federal".

A Presidência afirmou ainda que os veículos com ajuda humanitária levados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro à fronteira estão na região de Pacaraima (RR), em segurança e estacionados no pelotão de fronteira, depois da "impossibilidade de prosseguir em território venezuelano".

"Novos deslocamentos serão planejados à medida que os meios de transportes estejam disponíveis e a situação diplomática e de segurança esclarecidas", afirmou a Presidência.

Nesta segunda-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão participa na Colômbia ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da reunião do Grupo de Lima, que acompanha os desdobramentos na Venezuela. A maioria dos países do grupo considera Maduro líder ilegítimo e reconhece o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino do país e chefe de Estado legítimo.

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