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Defensores dos direitos das mulheres são presos na Arábia Saudita

A partir de domingo (24), as mulheres poderão dirigir no reino ultraconservador

Palestina residente na Arábia Saudita  (FAYEZ NURELDINE/Reuters)

Palestina residente na Arábia Saudita (FAYEZ NURELDINE/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de junho de 2018 às 16h20.

A Arábia Saudita prendeu mais de uma dezena de militantes dos direitos da mulheres, acusando-os de traição e de desestabilizar o reino, dias antes da suspensão da proibição da lei que impede as sauditas de dirigir.

A partir de domingo (24), as mulheres poderão dirigir no reino ultraconservador. Para alguns, essa foi a luta de toda uma vida.

Em setembro chegou a medida tão esperada graças ao beneplácito do jovem príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, mas os ativistas de direitos humanos argumentam que a flexibilização de certas restrições sociais não significa que a monarquia queira a democratização, e apontam essas prisões como exemplo.

Esses são três dos defensores dos direitos das mulheres muito conhecidos e detidos em maio.

Lujain al Hathlul

A ativista Lujain al Hathlul, de 28 anos, milita há anos pelo direito das sauditas a dirigir e pelo fim do sistema de tutela que submete as mulheres à vontade de um parente homem para atividades elementais como viajar, estudar ou trabalhar.

Ela já foi detida no final de 2014 por ter tentado entrar no país ao volante de um carro vindo dos Emirados Árabes Unidos. Foi libertada após 73 dias graças à pressão internacional.

A imprensa oficial chamou de "traidores" a jovem e outros militantes detidos em maio. Alguns deles já foram soltos.

O jornal Al Jazirah publicou na sua capa a foto da militante, junto com sua colega Aziza al Yusef, com o título "a traição de vocês fracassou".

Lujain al Hathlul é uma "mulher rebelde" da região conservadora de Al Qasim (centro) "que encarna os valores universais", disse ela a uma colega.

Aziza al Yusef

Se Lujain al Hathlul simboliza a gerações das jovens inspiradas pelo exterior, Aziza al Yusef, de 61 anos, representa as pioneiras.

Faz parte do pequeno número de mulheres que desafiaram a proibição de dirigir em 2013.

Em 2016, essa professora universitária aposentada tentou apresentar uma petição à Corte Real (assinada por milhares de sauditas) para pedir o fim do sistema de tutela.

Ela denunciou o perdão da justiça no julgamento de um pregador saudita condenado a oito anos de prisão por ter estuprado e assassinado sua filha de cinco anos em 2011.

Ao contrário de muitas de suas colegas mais jovens, Yusef expõe argumentos a favor dos direitos das mulheres pelo prisma do islã.

Segundo uma militante, Aziza é "diferente" porque "encarna as normas tradicionais e progressistas". "Por isso o Estado saudita está irritado", segundo ela.

As jovens podem ser tachadas de produtos da ocidentalização, sem contato com sua religião, mas ela mantém suas referências religiosas e é "muito apegada ao islã", acrescenta a ativista.

Ibrahim al Modaimeegh

Nos últimos anos, o advogado formado em Harvard Ibrahim al Modaimeegh tem se posicionado em defesa dos militantes defensores dos direitos das mulheres.

Ele esteve nos conselhos legislativos do país e participou da elaboração de muitas leis do reino, ganhando um statusque o protegeu por muito tempo, contam ativistas.

"Ele se aposentou há uns sete anos, mas assumiu (como advogado) quase todos os casos dos militantes" de direitos humanos, declarou à AFP um militante saudita que pediu anonimato.

Ele se concentrou principalmente na defesa das mulheres que desafiaram a proibição de dirigir.

"É uma das razões pelas quais o governo parece muito irritado", acrescenta o militante.

 

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