O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Andrew Harnik/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de março de 2025 às 16h11.
O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta sexta a revogação da permissão temporária de permanência de cerca de 530 mil pessoas beneficiadas por um programa adotado pelo seu antecessor, Joe Biden, destinado a abrir caminhos de migração legal para cidadãos de países que enfrentam instabilidade política e perseguição. O anúncio formal já lança dúvida e temor sobre o destino de imigrantes de Cuba, Venezuela, Haiti e Nicarágua que podem enfrentar graves perigos ou dificuldades econômicas caso sejam forçadas a retornar a seus países de origem.
Chamado de “caminhos legais” pela administração Biden, o programa foi introduzido inicialmente para venezuelanos em 2022 e expandido para cidadãos dos outros três países no ano seguinte. Apesar disso, o fim do programa já era esperado. No primeiro dia de seu retorno ao cargo, o presidente Trump ordenou que o Departamento de Segurança Interna tomasse medidas para encerrá-lo.
"Isso está tirando o sustento de milhares e milhares de pessoas que estão aqui legalmente, tornando-as indocumentadas e colocando suas vidas em risco", disse Guerline Jozef, diretora executiva da Haitian Bridge Alliance, uma organização de defesa dos imigrantes haitianos.
Empresas como Amazon e Honda, que enfrentam escassez de trabalhadores, contrataram muitos beneficiários do programa desde sua criação. "Essas pessoas vieram para cá legalmente e têm contribuído para a economia", afirmou Jozef.
Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Interna, declarou em um comunicado que o "fim dos programas de parole do CHVN, e o fim da parole para aqueles que a exploraram, representa um retorno a políticas de bom senso, um retorno à segurança pública e um retorno à América em primeiro lugar".
Migrantes sem outra base legal para permanecer nos Estados Unidos seriam obrigados a deixar o país antes da data de término de sua parole, segundo o comunicado. Caso não saiam, poderão ser alvo de deportação pelas autoridades de imigração.
Segundo a ordem publicada pelo Departamento de Segurança Interna, todos os beneficiários do programa conhecido pela sigla CHVN, e oficialmente chamado de Permissão Temporária para Cubanos, Haitianos, Nicaraguenses e Venezuelanos, que não apresentarem uma justificativa legal para permanecer nos Estados Unidos deverão deixar o país até o dia 24 de abril.
"A permissão é inerentemente temporária, e apenas a permissão não é uma base considerável para obter qualquer tipo de status migratório", diz o comunicado, assinado pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem. "[O governo Biden] concedeu a eles [imigrantes] oportunidades de competir por empregos americanos e prejudicar os trabalhadores americanos; forçou funcionários públicos de carreira a promover os programas mesmo quando a fraude foi identificada; e então culpou os republicanos no Congresso pelo caos que se seguiu e pelo crime que se seguiu."
O programa foi lançado em 2022 por Joe Biden, inicialmente destinado a venezuelanos, mas posteriormente ampliado para as demais nacionalidades, permitia que seus beneficiários ficassem por até dois anos nos EUA desde que apresentasse um patrocinador baseado no país, e cujo status migratório estivesse de acordo com alguns parâmetros. As pessoas autorizadas poderiam levar suas famílias aos Estados Unidos, viver e trabalhar de forma regular, e tentar obter outros tipos de vistos.
Na época, o governo Biden alegou que a medida ajudaria a reduzir a imigração irregular pelas fronteiras, mas Trump considerou que o programa constitui um "abuso amplo" dos argumentos humanitários para receber imigrantes, e suspendeu novos pedidos assim que chegou ao cargo, uma decisão que está sendo contestada nos tribunais.
Dos mais de meio milhão de beneficiados, não se sabe quantas pessoas conseguiram mudar seu status migratório após a chegada aos Estados Unidos.