Mundo

Debate sobre royalties emperra na Câmara

A maior parte dos deputados do Rio de Janeiro reiterou que não aceitará qualquer mudança no que já foi licitado, inviabilizando o debate

A bancada fluminense impediu a evolução das discussões orientada pelo governador Sérgio Cabral (André Valentim/EXAME)

A bancada fluminense impediu a evolução das discussões orientada pelo governador Sérgio Cabral (André Valentim/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2012 às 21h07.

Brasília - Orientada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), a bancada fluminense impediu a evolução das discussões no grupo paritário da Câmara que busca um acordo para a questão dos royalties do petróleo. A maior parte dos deputados do Rio reiterou que não aceitará qualquer mudança no que já foi licitado, inviabilizando o debate. O relator do projeto, Carlos Zaratini (PT-SP), ficou de apresentar uma proposta para o tema para ser analisada pelo grupo no dia 24 deste mês. Irritados, os representantes dos Estados não produtores abandonaram a reunião.

A formação de um grupo com igual número de representantes de produtores e não produtores foi uma tentativa do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), de fechar um acordo. No debate, a maioria dos deputados concordou em garantir por lei a manutenção da arrecadação dos Estados e municípios produtores obtida em 2011 e dividir o restante entre todos com base nos critérios dos fundos de participação. A bancada do Espírito Santo e o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) concordaram, mas pediram que este montante fosse corrigido por um índice de inflação, como o IGP-M.

A evolução da discussão, porém, esbarrou na resistência da maioria da bancada do Rio de Janeiro. Após debate com o governador Sérgio Cabral, decidiu-se por não dar aval à negociação nos termos propostos. O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) afirma que a proposta dos fluminenses é manter as regras para o que já foi licitado e usar um modelo semelhante ao da capitalização da Petrobras para dar aos não produtores receitas de royalties do futuro numa antecipação. A proposta, porém, foi descartada por sua complexidade.

"Não há intransigência da nossa parte. Foram as nossas propostas que foram descartadas sem ser ouvidas e estamos agora diante da possibilidade da maior agressão federativa desde a Constituição de 1988", disse o deputado fluminense.

Um dos líderes dos não produtores, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) classificou de "desrespeitosa" a proposta do Rio de Janeiro. Afirmou que Estados pobres como o seu ficariam ser receber nada. O deputado Luiz Alberto (PT-BA) foi outro a protestar. "O Rio de Janeiro está promovendo um retrocesso na discussão. É preciso lembrar que qualquer posição radical vai ser derrotada em plenário".

O relator do projeto afirma que o desafio é encontrar uma forma de garantir as receitas atuais dos produtores e aumentar o montante destinado aos outros Estados e municípios. Zaratini vai apresentar a sua proposta e quer debatê-la com o grupo antes de levá-la a plenário. Ele conversou com o presidente da Câmara e ouviu ser intenção de Maia levar o tema ao plenário após a votação do código florestal, marcada para o dia 24 de abril.

No fim da reunião, os ânimos se acirraram. Os representantes dos não produtores queriam mais celeridade de Zaratini para apresentar seu relatório. Os deputados Picciani e Castro bateram boca. "Dá para fazer o relatório em 30 minutos", disse Castro. "Só se for pra fazer uma bobagem como vocês fizeram", respondeu Picciani. Castro e os outros parlamentares abandonaram a reunião com uma ameaça. "Não respeitem a gente que vocês vão ver a bobagem", afirmou o piauiense.

A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES) acha que, apesar dos ânimos acirrados, será possível evoluir para um acordo, ainda que este não inclua o Rio de Janeiro. Para ela, o mais importante é evitar que o tema fique nas mãos do Judiciário.

Acompanhe tudo sobre:EnergiaIndústriaIndústria do petróleoMDB – Movimento Democrático BrasileiroPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosRoyaltiesSérgio Cabral

Mais de Mundo

Israel afirma que não busca 'escalada ampla' após ataque a Beirute

Domo de Ferro, Arrow, C-Dome e Patriot: Conheça os sistemas de defesa aérea utilizados por Israel

Smartphones podem explodir em série como os pagers no Líbano?

ONU diz que risco de desintegração do Estado de Direito na Venezuela é muito alto