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De olho em Trump, G20 adverte sobre retórica populista

Em sua campanha, Trump propõe que Washington renegocie praticamente todos os seus acordos comerciais


	Trump: o candidato republicano já afirmou que em caso de chegar à Casa Branca sepultará iniciativas como o Acordo Transpacífico
 (Lucas Jackson / Reuters)

Trump: o candidato republicano já afirmou que em caso de chegar à Casa Branca sepultará iniciativas como o Acordo Transpacífico (Lucas Jackson / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2016 às 18h52.

O G20 formulou nesta sexta-feira um severo alerta sobre os riscos que representa de uma retórica populista contra a globalização em um cenário eleitoral para a estabilidade econômica global, em referência implícita e ao mesmo tempo direta à candidatura de Donald Trump.

"Essa tendência de um populismo profundamente antiglobalização tem levado políticos a usar essa retórica para tentar ganhar apoios. Isso tem gerado incerteza na economia global, disse nesta sexta-feira o ministro chinês da Economia, Lou Jiwei, em nome do G20.

Jiwei evitou mencionar Trump nominalmente, mas trata-se da referência mais direta ao candidato presidencial americano desde o início da reunião do outono boreal do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), em Washington.

Em sua campanha, Trump propõe que Washington renegocie praticamente todos os seus acordos comerciais - que em geral considera enormemente desvantajosos para os Estados Unidos - e ameaça com uma guerra comercial aberta e total com a China.

Além disso, Trump já afirmou que em caso de chegar à Casa Branca sepultará iniciativas como o Acordo Transpacífico, uma ideia lançada pelo presidente Barack Obama e que construirá uma grande área de livre comércio.

Incerteza

Ao falar em nome do G20, Lou disse que a economia mundial enfrenta também outros riscos que estão situados além de aspectos puramente financeiros.

"As dúvidas e os riscos enfrentados pela economia global aumentaram, já que algumas economias importantes estão em período de eleições, o Brexit é uma dúvida, aumenta a vulnerabilidade do sistema financeiro", comentou.

Desde a abertura da assembleia entre FMI e BM, Trump tem sido uma presença constante, como uma nuvem parada sobre todas as reuniões, embora os funcionários adotam o cuidado de não mencionar seu nome.

O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, comentou que o triunfo das propostas de Trump representará "uma mudança radical na posição tradicional dos Estados Unidos no que se refere à sua política comercial".

O FMI, que nesta semana apresentou um novo panorama da economia global, formulou reiteradamente advertências contra uma tendência crescente a questionar os benefícios da globalização e o comércio mundial.

Motor do crescimento

Ao abrir os trabalhos na quinta-feora, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde evitou formular qualquer comentário direto sobre a campanha eleitoral nos Estados Unidos, mas reafirmou que a economia global nesta conjuntura precisa do "motor" representado pelo comércio internacional.

O comércio, disse, "tem sido um grande motor para o crescimento. E se queremos maior crescimento para atender aos problemas pendentes, precisamos desse motor para apoiá-lo e acelerá-lo".

Nesta semana, o FMI encontrou um aliado de peso em sua avançada contra o protecionismo. No site do FMI, o governo da Alemanha expressou seu compromisso com uma economia global.

"Estamos comprometidos com a construção de uma economia global aberta, negar o protecionismo, promover o comércio global e os investimentos", disse o ministro alemão da Economia, Wolfgang Schauble.

Em um artigo conjunto publicado na quarta-feira no jornal The Wall Street Journal, Lagarde, Kim e o diretor da Organização Mundial de Comércio, o brasileiro Roberto Azevedo, afirmaram que o comércio global deverá beneficiar a todos.

"Apesar dos enormes benefícios que traz, muitas pessoas sentem que foram deixadas de lado", reconheceram no artigo.

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