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De luto por ataques a tiros, EUA se divide sobre armas

Mais de 200 prefeitos dos EUA pediram ao Senado para suspender as férias para aprovar uma legislação que controla mais o porte de armas

EUA: no último final de semana, 31 pessoas morreram em dois tiroteios (moodboard/Getty Images)

EUA: no último final de semana, 31 pessoas morreram em dois tiroteios (moodboard/Getty Images)

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AFP

Publicado em 8 de agosto de 2019 às 17h00.

Cinco dias após os massacres de El Paso e Dayton, a visita do presidente dos Estados Unidos às cidades afetadas para confortar as vítimas revelou as profundas divisões no país, onde continua o debate sobre o controle das armas de fogo.

Após os massacres do fim de semana que deixaram 31 mortos, os Estados Unidos continuam a debater se algo poderia ter impedido os crimes - quando o país já está envolvido na campanha presidencial de 2020.

A emissora CNN informou que a mãe do jovem suspeito de ser o atirador do massacre de El Paso, que deixou 22 mortos, ligou para a polícia há algumas semanas, temendo que seu filho tivesse um fuzil.

Segundo a imprensa, o suposto agressor criticou, em um manifesto na internet, uma "invasão latina" no Texas antes de cometer o massacre na cidade fronteiriça com o México, onde 83% da população tem esta origem.

Durante a ligação, um policial lhe disse que, de acordo com sua descrição da situação, seu filho, Patrick Crusius, de 21 anos, poderia portar armas legalmente, disseram os advogados de família, Chris e Jack Ayres.

A mulher estava preocupada com o nível de maturidade do filho e com a falta de experiência no manuseio de armas. Na conversa, ela não revelou seu nome nem o do filho, e a polícia não pediu mais detalhes, acrescentaram os representantes legais.

Segundo os advogados, a consulta da mãe foi informativa e não foi motivada por uma preocupação de que seu filho representasse uma ameaça a alguém. "Ele não era um jovem de comportamento instável, explosivo ou errático", disse Chris Ayres à CNN.

O jovem foi preso e acusado dos assassinatos e pode ser condenado à morte.

Bloqueio no Congresso

Os dois assassinatos reabriram o debate sobre armas de fogo nos Estados Unidos, onde 40 mil pessoas morrem a cada ano em incidentes envolvendo elas, incluindo suicídios. No entanto, os democratas e republicanos parecem longe de chegar a um acordo para regular o porte de armas.

Nesta quinta-feira, mais de 200 prefeitos dos EUA pediram ao Senado para suspender as férias para aprovar uma legislação que impõe maiores controles para o porte de armas. Os prefeitos se voltaram para o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, e para o chefe da bancada dos democratas, Chuck Schumer, pedindo-lhes que votassem em um projeto aprovado pela Câmara dos Representantes para verificar o histórico de todos os compradores de armas.

"Em 2019 já houve mais de 250 ataques a tiros em massa", explicaram os 214 membros da conferência de prefeitos dos EUA, incluindo Dee Margo, o prefeito de El Paso, e Nan Whaley, de Dayton.

A carta refere-se a duas leis de verificação de antecedentes aprovadas em fevereiro pela Câmara dos Deputados, controladas pelos democratas, e bloqueadas por McConnell no Senado, de maioria republicana.

O Partido Republicano é próximo do grupo de lobby armamentista NRA, que se opõe a qualquer lei que dificulte o acesso dos cidadãos às armas.

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