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De Hong Kong a Istambul, trabalhadores saem às ruas

Neste Primeiro de Maio, foram registrados conflitos entre policiais e manifestantes em locais como Istambul, além de demonstrações de patriotismo em Moscou

Manifestantes fazem marcha do Dia do Trabalho em Madri, pedindo mais empregos e oportunidades, em 1º de maio de 2014
 (PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP)

Manifestantes fazem marcha do Dia do Trabalho em Madri, pedindo mais empregos e oportunidades, em 1º de maio de 2014 (PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2014 às 10h46.

Istambul - Milhares de pessoas saem às ruas de todo o mundo nesta quinta-feira, Dia do Trabalho, em um contexto tenso em locais como Istambul, onde a polícia dispersou manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, e com demonstrações de patriotismo em Moscou.

A polícia turca utilizou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar centenas de pessoas que tentaram desafiar a proibição de se manifestar na praça Taksin, onde no ano passado ocorreram protestos que chegaram a colocar o governo em xeque.

Nas imediações da praça foram mobilizados até 40.000 agentes da polícia, que isolaram todas as avenidas e ruas próximas para impedir seu acesso.

Animado pela vitória de seu partido nas eleições municipais de 30 de março e em plena pré-campanha para as presidenciais de agosto, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, havia lançado na quarta-feira uma séria advertência aos seus opositores.

"Não tenham esperança alguma na Taksim (...) vão protestar em outros lugares de Istambul", declarou.

As celebrações de 1º de Maio também foram perturbadas no Camboja, onde os sindicatos pediram apoio aos trabalhadores do setor têxtil em greve em duas zonas econômicas especiais perto da fronteira com o Vietnã.

A maioria dos trabalhadores deste setor vital para a economia cambojana, que dá emprego a 650.000 pessoas, ganham menos de 100 dólares mensais.

A polícia, armada com cassetetes, dispersou os manifestantes reunidos ao redor do Parque da Liberdade em Phnom Penh, fechado para impedir o acesso aos opositores do primeiro-ministro Hun Sen, no poder há 30 anos.

Várias pessoas foram atingidas, constatou a AFP. "Os direitos dos trabalhadores foram pisoteados", declarou Ath Thorn, presidente da confederação de trabalhadores da indústria têxtil.

"Putin tem razão" 

Na Rússia, em plena efervescência nacionalista alimentada pela crise na Ucrânia, cerca de 100.000 pessoas protestaram na Praça Vermelha de Moscou, muito próxima ao Kremlin, por ocasião do Dia do Trabalho, recuperando uma tradição soviética desaparecida há 23 anos.

"Putin tem razão", "Estou orgulhoso do meu país", afirmavam alguns dos cartazes mostrados pelos manifestantes, em meio a um mar de bandeiras russas.

Outros cartazes e representantes sindicais celebraram a incorporação da Crimeia à Rússia, que não é reconhecida pela Ucrânia e pela comunidade internacional.

"Um vento de liberdade sopra sobre a Crimeia", exclamou um homem com uniforme militar.

Além disso, também há manifestações previstas para Indonésia, Malásia e para as economias mais desenvolvidas da região, como Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan, onde o aumento do custo de vida, e, em particular, os preços exorbitantes de habitação, aumentam as desigualdades.

Na Europa, muitas manifestações marcam tradicionalmente este 1º de Maio, "dia internacional dos trabalhadores" nascido durante o movimento para a redução da jornada de trabalho no fim do século XIX nos Estados Unidos.

Na França, os sindicatos protestarão em Paris contra o plano de cortes de 50 bilhões de euros anunciado pelo primeiro-ministro, Manuel Valls.

A menos de um mês das eleições europeias de 25 de maio, a ultradireitista Frente Nacional quer que sua tradicional marcha seja uma demonstração de força para reforçar sua posição nas pesquisas, que a colocam em primeiro ou segundo lugar, emparelhada com a direitista UMP, da oposição.

A Espanha, que começa a sair timidamente do marasmo econômico e segue minada por um desemprego recorde, também sairá às ruas em Madri e em mais de 70 cidades.

Manifestações também na Grécia e na Itália, onde o presidente do Conselho, Matteo Renzi, prometeu devolver a confiança aos italianos, que saem de mais de dois anos de recessão.

Na Venezuela, opositores convocados pela Mesa de Unidade Democrática e chavistas acompanhados pelo presidente Nicolás Maduro marcharão em locais separados de Caracas, após o anúncio de um aumento do salário mínimo em 30% em resposta à elevada inflação.

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