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De Cancun a Los Cabos, turistas fogem das praias do México

A violência no litoral mexicano: homens abriram fogo em discoteca de Cancun e cooler com cabeças humanas foi encontrado na principal rua de Cabo San Lucas

Cancun, no México: violência faz ocupação hoteleira cair 10 por cento neste ano (rebelml/Thinkstock)

Cancun, no México: violência faz ocupação hoteleira cair 10 por cento neste ano (rebelml/Thinkstock)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 28 de outubro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 28 de outubro de 2017 às 06h00.

Na capital das férias de primavera do Hemisfério Norte, Cancun, no México, a ocupação hoteleira caiu 10 por cento neste ano. A situação lá é ruim, mas em Los Cabos, na ponta da península da Baja California, é ainda pior.

O aeroporto que atende a Cabo San Lucas e sua irmã menos conhecida, San José del Cabo, parece mais vazio hoje em dia. E os hóspedes de hotéis cancelaram 35.000 reservas de diárias para o próximo ano — coletivamente, seria como um século de visitas para um único viajante.

Em um momento em que a desvalorização do peso deveria estar atraindo multidões de turistas dos EUA, muitos se abstêm, assustados por uma onda de violência que se aproxima perigosamente dos pontos turísticos. Homens armados abriram fogo em uma discoteca de Cancun em novembro, e um cooler com duas cabeças humanas foi encontrado na principal rua de hotéis de Cabo San Lucas em junho. Mas o maior golpe ocorreu em 22 de agosto, quando o Departamento de Estado dos EUA emitiu um alerta de viagem aconselhando os turistas a simplesmente manter distância.

“O turismo grupal caiu automaticamente no momento em que o alerta saiu”, disse Carlos Gosselin, chefe da associação hoteleira de Cancun e Puerto Morelos. Muitas companhias de seguros nem sequer consideram oferecer cobertura em áreas sob advertência, o que afeta convenções e eventos na região, disse ele.

O México está reforçando a segurança em lugares turísticos populares para que o Departamento de Estado dos EUA reconsidere sua perspectiva, e empresas, como Hilton Worldwide Holdings e Marriott International, estão gastando milhões para que os hóspedes se sintam mais seguros. Sua motivação é clara: o Barclays estima que uma queda no turismo poderia chegar a apagar 0,5 ponto porcentual do crescimento do produto interno bruto do México neste ano.

“A redução da atividade turística com certeza terá um impacto no crescimento”, disse Marco Oviedo, chefe da pesquisa econômica sobre a América Latina do Barclays. “O turismo estrangeiro é uma das fontes de renda mais importantes na conta-corrente.”

O México obtém cerca de US$ 20 bilhões por ano com o turismo. Como o número de assassinatos quadruplicou em Los Cabos e dobrou em Cancun neste ano, uma parte dessa receita pode estar em jogo. Quintana Roo, o estado onde fica Cancun, é o destino de um terço de todos os turistas internacionais do país.

Em Los Cabos, autoridades locais e federais estão juntando-se a hotéis, empresas de time-share (imóveis em tempo compartilhado) e a operadora do aeroporto para aumentar a segurança da região.

O grupo está gastando US$ 50 milhões para aumentar o número de câmeras de vigilância que cobrem o trecho principal de 32 quilômetros que inclui hotéis, restaurantes e praias públicas. Uma nova instalação militar, paga em parte pelo setor privado, será construída perto de uma rodovia para responder a qualquer atividade detectada pelas câmeras. Segundo a programação, ela deve abrir no segundo trimestre de 2018.

“Noventa por cento da atividade econômica aqui está vinculada ao turismo”, disse Rodrigo Esponda, diretor administrativo do conselho de turismo, em entrevista por telefone de Los Cabos. “É por isso que a segurança tem que melhorar. Precisamos que o turismo continue melhorando a qualidade de vida das pessoas — e esta é uma responsabilidade compartilhada.”

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