Mundo

De Blasio leva um novo ar à prefeitura de Nova York

Cidade teve uma clara reviravolta política neste ano com a eleição de um prefeito com um programa esquerdista

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 22h03.

Nova York - Nova York teve uma clara reviravolta política neste ano com a eleição de um prefeito com um programa esquerdista, Bill de Blasio, que promete levar um novo ar à prefeitura tanto por suas políticas como por seu estilo pessoal e sua família.

De Blasio, de 52 anos, recuperou o comando da cidade para o Partido Democrata com arrasadores 73,3% dos votos nas eleições de 5 de novembro, após 20 anos de prefeitos republicanos ou independentes, os 12 últimos a cargo de Michael Bloomberg.

O contraste entre ambos é muito grande: enquanto o multimilionário Bloomberg apostava em políticas frequentemente progressistas, mas dirigidas de cima, De Blasio é o atual defensor público da cidade e, desde sua época de estudante, participa de política através do ativismo e do trabalho comunitário.

O novo prefeito, que assumirá o cargo em 1º de janeiro, venceu de forma surpreendente as eleições primárias entre os aspirantes democratas com uma campanha dirigida de forma sistemática a denunciar a pobreza da cidade, segundo ele cada vez mais dividida entre a crescente brecha entre ricos e pobres.

Com a recuperação econômica consolidada nos Estados Unidos, Nova York está vivendo um inegável renascimento que se pode medir na contínua construção de arranha-céus de luxo para multimilionários de todo o mundo, que buscam o monopólio de ter uma casa em Manhattan e, além disso, querem todos os tipos de serviços exclusivos.

Além disso, Nova York é um dos principais centros financeiros mundiais, abriga muitas sedes de grandes corporações, e Wall Street acolhe milhares de diplomatas em consulados e nas Nações Unidas e é um dos epicentros da arte e da 'alta sociedade' em nível internacional.

No entanto, debaixo de todo este luxo e 'glamour' persiste de forma insistente outra realidade muito mais obscura, de que 46% dos 8,3 milhões de nova-iorquinos estão abaixo do nível oficial de pobreza ou muito pouco acima, para não falar da situação de centenas de milhares de imigrantes ilegais (calcula-se entre 500 mil e 600 mil).

Além disso, há muitos trabalhadores (somente no setor da fast-food são 57 mil) que ganham salário mínimo (US$ 7,25 a hora), o que representa automaticamente ser pobre se não houver outras fontes de renda.


Os albergues da cidade acolhem a cada dia mais de 50 mil pessoas sem-teto (Nova York é a única cidade do país onde esse número aumenta), entre os quais há 22 mil crianças, e outros milhares dormem na rua.

De Blasio baseou sua campanha em propor um leve aumento de impostos entre os nova-iorquinos que ganham mais de US$ 500 mil por ano (de 3,9 para 4,4%) para financiar a educação pré-escolar para todas as crianças de quatro anos, assim como estender o horário dos centros de ensino.

O novo prefeito também prometeu construir 200 mil casas a preços acessíveis em uma cidade onde o imóvel sobe de preço sem parar e cada vez mais bairros populares estão se transformando em zonas com residentes de maior poder aquisitivo que deslocam os mais pobres.

Por sua vez, os sindicatos que representam os quase 300 mil trabalhadores municipais pediram aumentos de salários retroativos, já que estão há vários anos trabalhando com convênios coletivos vencidos e não renovados na era Bloomberg.

Se De Blasio ceder, poderá criar um rombo de bilhões de dólares no orçamento municipal para o ano fiscal de 2015, que começa em julho e que vai herdar equilibrado.

Outra desafio será manter a criminalidade em níveis historicamente baixos dos últimos anos, por sua vez tenta cumprir sua promessa de melhorar as relações entre a polícia e as comunidades.

Estas relações pioraram muito nos últimos anos da era Bloomberg devido à prática policial conhecida como 'stop and frisk', pela qual centenas de milhares de pessoas (em sua maioria jovens afro-americanos e hispânicos) foram parados e revistados pela Polícia sem motivos claros.

De Blasio, uma figura imponente de 1m96 de altura e descendente de alemães e italianos, se instalará na Gracie Mansion, a residência dos prefeitos, com uma família muito heterodoxa para os padrões da política americana.

Sua esposa, Chirlane McCray, é negra, seis anos mais velha que ele e, antes de conhecê-lo, se considerava lésbica. Os dois filhos do casal, Chiara e Dante, são mestiços. Este último usa, além disso, uma chamativo cabelo afro. EFE

Acompanhe tudo sobre:CidadesMetrópoles globaisNova YorkRetrospectiva 2013

Mais de Mundo

Trump diz que taxará produtos do México e Canadá assim que assumir a presidência

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais

Conselho da Europa pede que países adotem noção de consentimento nas definições de estupro