Fórum Econômico Mundial, Davos (Denis Balibouse/Reuters)
O primeiro Fórum Econômico Mundial de Davos após a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) terminou seu primeiro dia nesta segunda-feira, 23, com uma palavra de ordem: inflação.
O primeiro a chegar nesta manhã e discursar em Davos foi o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, que alertou sobre o risco de inflação provocado pelos efeitos econômicos da Covid, que desorganizou as cadeias globais de produção.
Isso, junto com os efeitos da guerra na Ucrânia, que elevou ainda mais as cotações dos combustíveis, poderia gerar uma séria recessão para boa parte do mundo, principalmente, União Europeia e Estados Unidos.
Um cenário posteriormente negado pela diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva , que expressou dúvidas sobre a possibilidade de o crescimento global acabar se contraindo.
Além da disputa técnica, fica claro que a recuperação pós-Covid que deveria ter dado às economias dos dois lados do Atlântico uma tendência de crescimento galopante do Produto Interno Bruto (PIB), está totalmente descarrilada.
Entre os analistas das principais instituições financeiras mundiais que falaram nesse primeiro dia do Fórum Econômico Mundial a mensagem expressa foi bastante alarmista.
A corrida de preços nos EUA e na Europa não vai parar, nem a tendência da economia global de não crescer.
Além disso, apesar do aumento da inflação, os salários não estão subindo também. Ao contrário, correm o risco de se enfraquecer.
A guerra na Ucrânia, combinada com novas variantes do Covid e o choque do lado da oferta, que provocam constante interrupções no fornecimento de bens, estão pesando nas expectativas de inflação.
Mais de 90% dos analistas ouvidos pelo Fórum de Davos esperam uma inflação "alta" ou "muito alta" em 2022 em todos os países, exceto na China e no leste da Ásia.
E dois terços dos economistas entrevistados esperam que a renda real das família diminua nas economias mais avançadas do mundo.
Uma reação dos bancos centrais ao aumento da inflação já veio dos Estados Unidos e do Banco da Inglaterra , que começaram a aumentar as taxas de juros nos últimos meses e sinalizam o fim da fase de expansão monetária provocada pela emergência Covid.
E a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, esperada em Davos nos próximos dias, deu a entender que "segundo as atuais estimativas econômicas" poderá ser possível "acabar com as taxas de juro negativas até ao final do terceiro trimestre", ou seja, até setembro.
O BCE não eleva as taxas há onze anos. Desde 2014 os juros estão negativos em -0,50%.
Após as palavras do presidente, o euro disparou e chegou na maior alta do último mês em relação ao dólar.
Por último, o maior risco que o mundo corre é alimentar.
O bloqueio naval ordenado pela Rússia está paralisando milhões de toneladas de trigo e cereais nos portos ucranianos.
E isso poderia desencadear uma crise alimentar "sem precedentes" na história recente, segundo os analistas que falaram nos painéis do Fórum de Davos.