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Davos discute riscos e formato da economia pós-crise

Londres - Passado o pior momento da crise, a economia mundial ainda se depara com uma série de riscos e muitos ajustes a fazer. Para debater os desdobramentos da turbulência mais grave desde a Grande Depressão e o futuro formato da arquitetura financeira global, mais de 2,5 mil representantes de 90 países se reúnem entre […]

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h25.

Londres - Passado o pior momento da crise, a economia mundial ainda se depara com uma série de riscos e muitos ajustes a fazer. Para debater os desdobramentos da turbulência mais grave desde a Grande Depressão e o futuro formato da arquitetura financeira global, mais de 2,5 mil representantes de 90 países se reúnem entre amanhã e domingo em Davos, na Suíça, para a 40ª edição do Fórum Econômico Mundial.

Não faltam motivos de preocupação para os participantes do encontro. A reforma do sistema financeiro internacional, os grandes déficits fiscais agravados pela crise, a política monetária dos principais bancos centrais, os efeitos da bolha especulativa na China, a escalada do desemprego e a reconstrução do Haiti devem concentrar as atenções.

Neste ano, o tema do encontro é: "Melhorar o Estado do Mundo: Repensar, Redesenhar, Reconstruir". O Fórum parte do princípio de que as instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial não podem mais lidar com os desafios recentes. Nessa onda de reavaliação sobre o que levou a economia global para tão perto do fiasco, a reformulação da atividade dos bancos ganha mais destaque, diante das propostas feitas pelo presidente dos EUA, Barack Obama.

O objetivo de limitar o tamanho e a tomada de risco das instituições financeiras norte-americanas já provoca grandes debates no cenário internacional e esses temas estarão também presentes em Davos. Aliás, a imprensa estrangeira diz que figurões do setor financeiro voltarão a circular neste ano na famosa estação de esqui na Suíça e aproveitarão para fazer um lobby discreto contra a reforma de Obama.

Executivos

O ano passado foi marcado pela ausência dos altos executivos dos bancos - muitos perderam os empregos durante a turbulência e outros acharam melhor não aparecer em um momento de moral tão abalado. Sem banqueiros nem astros de Hollywood, as "estrelas" do encontro de 2009 foram os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Rússia, Vladimir Putin.


O clima refletia claramente o poder dos governos no controle da economia, agonizada pelo estouro da bolha imobiliária e pelo consequente colapso dos bancos. Neste ano, a abertura do evento será feita pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Mas, os presidentes do Citigroup, Vikram Pandit, e do Barclays, Robert Diamond, devem comparecer.

O professor de Marketing, Estratégia e Desenvolvimento de Negócios do Swiss Management Center, Ivo Pezzuto, acredita que a regulação do sistema financeiro será um assunto bastante presente no encontro desta semana. "O pior da crise realmente parece estar para trás, mas isso não significa que a situação tenha voltado ao normal", afirmou à Agência Estado.

"A parte mais difícil será convencer os banqueiros dos EUA e os especuladores a aceitarem mais regulação." Apontados como os principais riscos para os próximos anos pelo próprio Fórum, a possibilidade de crises fiscais e a alta do desemprego também devem estar entre as preocupações dos participantes.

Grécia

A delicada situação da Grécia é o mais novo exemplo do estrago da turbulência sobre as contas públicas. O problema atinge principalmente os países desenvolvidos. Conforme o Fundo Monetário Internacional (FMI), a média de dívida em relação ao PIB das economias avançadas que fazem parte do G-20 deve subir para 118% até 2014, acima dos 78% registrados em 2007.

Já os emergentes não devem ultrapassar o índice de 40% nesse período. A crise também continua levando ao fechamento de muitos postos de trabalho mundo afora. Desde o início dos problemas, 25,5 milhões de pessoas ficaram sem emprego nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


A condução da política monetária dos principais bancos centrais é outro tema de interesse global. Enquanto os analistas dizem que ainda é cedo para retirar os estímulos injetados na economia, sob o risco de agonizar a recuperação recente, a expressiva liquidez artificial criada pelas autoridades monetárias gera apreensões sobre bolhas.

A China é hoje o país mais atingido pelo receio da especulação forte, tanto que o governo já começou a tomar medidas para reduzir o ritmo da expansão do crédito. Como é geral a percepção de que os emergentes lideram a retomada mundial, o freio chinês se tornou um assunto delicado para os investidores.

Emergentes

Na ala dos emergentes, o Brasil ganhará destaque no encontro deste ano com a premiação dada pelo Fórum ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que receberá o título de "Estadista Global", na sexta-feira, dia 29. Esta é a primeira vez que a entidade concede uma homenagem desse tipo, com o objetivo de marcar o aniversário de 40 anos do encontro.

A sexta-feira será então o "Dia do Brasil" em Davos. O prêmio será entregue a Lula pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan às 8h30 (de Brasília) do dia 29. Após o discurso do presidente brasileiro, terá início um debate sobre o futuro do País. O governo nacional terá presença forte, com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e de Relações Exteriores, Celso Amorim, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles - todos com participações confirmadas.

Esta será, portanto, a última participação deste mandato de Lula, que compareceu pela primeira vez ao evento em 2003, ainda visto como um estranho no ninho da nata capitalista mundial. O presidente brasileiro marcou presença pela última vez no encontro em 2007. A reconstrução do Haiti, tema próximo ao Brasil, também ganhará espaço no Fórum. Atingido por um terremoto em 12 de janeiro, o país já contabiliza mais de 100 mil mortos.

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