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Danos a cabos submarinos no Mar Vermelho levantam suspeitas de sabotagem dos Houthis

Quatro grandes provedores tiveram de redirecionar 25% do tráfego entre Ásia, Europa e Oriente Médio

Houthis patrulhando o Mar Vermelho (Getty Images/Reprodução)

Houthis patrulhando o Mar Vermelho (Getty Images/Reprodução)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 4 de março de 2024 às 17h00.

Última atualização em 5 de março de 2024 às 15h15.

Danos aos cabos submarinos no Mar Vermelho estão causando interrupções significativas nas redes de telecomunicações e internet, levando os provedores a redirecionar uma parte substancial do tráfego entre Ásia, Europa e Oriente Médio, informou a CNN nesta segunda-feira.

Embora a causa dos danos não seja clara, há a especulação sobre a possibilidade de sabotagem por parte rebeldes houthis do Iêmen.

Segundo a HGC Global Communications, de Hong Kong, quatro grandes redes de telecomunicações tiveram seus cabos cortados, resultando em uma interrupção estimada em cerca de 25% do tráfego entre essas regiões.

A Seacom, empresa baseada na África do Sul, que é proprietária de um dos sistemas de cabos afetados, informou ao jornal americano que os reparos não começarão por pelo menos mais um mês, devido à necessidade de obter autorizações para operar na área afetada.

O temor a respeito de sabotagens surgiu após um grupo afiliado aos houthis ter compartilhado no Telegram, no dia 24 de dezembro, um mapa que mostra a disposição desses cabos pelo Mar Vermelho, segundo o jornal britânico The Guardian.

Na legenda, o grupo escreveu em árabe: "Existem mapas de cabos internacionais que ligam todas as regiões do mundo através do mar. Parece que o Iêmen está numa localização estratégica, já que as linhas de Internet que ligam continentes inteiros — não apenas países — passam perto dele".

No mesmo dia, mais duas postagens similares foram feitas por um canal afiliado ao Hezbollah, grupo xiita baseado no Líbano e apoiado pelo Irã, e por um grupo que apoia as milícias financiadas por Teerã no Oriente Médio, segundo o Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (MEMRI, na sigla em inglês).

Em uma das publicações, os houthis são citados e um dos grupos afirma que os cabos que passam pela região "estão nas nossas mãos". Então, ele questiona se seria uma "mensagem velada à coalizão Ocidental", formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais na região.

O grupo, desde novembro, tem atacado embarcações ligadas a Israel ou aliados, alegando apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, palco da guerra entre Israel e o Hamas. Em resposta, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um ataque em conjunto contra as posições do grupo no Iêmen, que desde então declararam que os interesses americanos e britânicos também são alvos legítimos. Outras duas ações ocorreram depois, sendo a última no início de fevereiro. Os houthis prometeram revidar e alegaram que os ataques "não nos deterão".

O ministro da Informação do governo iemenita com base no Aden, Moammar al-Eryani, citado pelo Guardian, afirmou que o grupo representa uma séria ameaça a "uma das infraestruturas digitais mais importantes do mundo". Estima-se que o Mar Vermelho, importante rota marítima, por onde passa 12% do comércio global, abrigue também 17% do tráfego mundial de Internet através de tubos de fibra.

Os cabos submarinos desempenham um papel crucial na infraestrutura da internet, sendo financiados em grande parte por empresas de tecnologia como Google, Microsoft, Amazon e Meta, e cuja interrupção pode resultar em amplos problemas de conectividade e transmissão de dados.

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