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Culto a Pancho Villa transita entre gastronomia e religião

Líder revolucionário é retratado em diversos âmbitos, documentados no livro "Villa de mi Corazón"

Francisco "Pancho" Villa, revolucionário mexicano morto há quase 90 anos (Wikimedia Commons)

Francisco "Pancho" Villa, revolucionário mexicano morto há quase 90 anos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 09h55.

Cidade do México - Quase 90 anos depois do assassinato do líder revolucionário Francisco "Pancho" Villa sua imagem transita entre representações que vão desde criações gastronômicas, como o sorvete Villa, até manifestações religiosas nas quais se invoca sua presença espiritual.

"Em vida recebeu tantos descréditos quanto honras e o odiaram tanto quanto amaram, mas depois de morto nunca o esqueceram", disse à Agência Efe Guadalupe Villa, uma das netas do líder revolucionário (1878-1923).

Restaurantes, camisetas, omeletes, livros, tequilas e cantinas são alguns dos âmbitos nos quais as historiadoras Guadalupe Villa e Rosa Helia Villa, netas do revolucionário, citam o popular herói, também conhecido como Centauro do Norte, em sua mais recente publicação "Villa de mi Corazón" (editoria Taurus).

Em 230 páginas, as netas de Pancho Villa reúnem a iconografia sobre seu avô em uma série de imagens coloridas nas quais é possível apreciar produtos impressos, instituições, publicações, obras de arte e acessórios nos quais tanto o nome como seu retrato foram gravados.

As imagens são acompanhadas de um pequeno texto no qual se faz uma síntese da vida de Villa, cujo nome real era Doroteo Arango, desde que se incorporou ao movimento revolucionário até o dia em que caminhou para uma suposta reunião familiar e foi assassinado em uma emboscada na cidade de Parral (Chihuahua).

"Em cada imagem é possível ver como passou de bandido para santo, recebendo oferendas com velas, e como de símbolo nacional passou a ser um ícone de movimentos populares", explicou Guadalupe Villa.


Um exemplo é o restaurante "Pancho Villa", que fica em Glasgow (Escócia), onde são oferecidos pequenos pratos mexicanos que foram do gosto de Villa, como carne assada e frango chipotle.

Uma escola de ensino médio foi batizada com o nome de General Francisco Villa além de um sorvete de baunilha, no qual duas longas tiras de chocolate representam seu bigode e uma bolacha seu chapéu militar.

O livro também recolhe a influência de Villa no âmbito religioso, com imagens de velas com seu rosto impresso e fotografias de médiuns que se caracterizam de Villa para ajudar os que procuram seu túmulo para rezar e pedir milagres.

Outros objetos são frascos com água benta e lenços vermelhos pendurados no pescoço, usados por seus seguidores.

Francisco Vila foi caudilho do estado nortista de Chihuhua e chefe da Divisão do Norte.

As forças revolucionárias lideradas por Venustiano Carranza à frente do Exército Constitucionalista, no qual se destacaram a chamada Divisão do Norte de Villa, o Exército Libertador do Sul, de Emiliano Zapata, e o Exército do Nordeste, de Álvaro Obregón, entre outros, derrotaram em 1914 o Exército federal do ditador Victoriano Huerta.

No entanto, as divergências entre os diversos setores provocaram a ruptura de Villa com Carranza e em 1915 a Divisão do Norte foi derrotada pelas forças de Álvaro Obregón.

Em 1923, Villa foi assassinado em Parral (Chihuahua), e seu corpo foi decapitado. Por isso, seus restos mortais nunca foram encontrados, o que deu origem a numerosas lendas.

"O povo ainda se identifica com ele e seguirá se identificando porque os motivos pelos quais tanto lutou ainda não foram resolvidos", disse a neta de Villa.

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