A ONU também alerta que o Afeganistão deixou de ser um país exportador para virar um consumidor de ópio, com um dos maiores índices de consumo no mundo (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2011 às 07h00.
Viena - A superfície de cultivo do ópio no Afeganistão aumentou 7% em 2011, a 131 mil hectares, devido à insegurança e ao atrativo de preços muito altos, informou nesta terça-feira o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês).
Além do aumento da superfície cultivada, comparada com os 123 mil hectares de 2009 e 2010, também se calcula que a produção de ópio aumentou até 5.800 toneladas métricas, desde as 3.600 do ano passado.
A ONU reconhece que o dado 'não é positivo' e que 'os níveis de produção podem estar na direção dos máximos vistos antes de 2010', quando se desencadearam aumentos anuais recordes.
Afetada por uma praga de fungos, a produção caiu 48% no ano passado, com quedas acentuadas nas conflituosas províncias sulinas de Helmand e Kandahar, tradicionais redutos dos insurgentes talibãs.
Este descenso causou, no entanto, a elevação de 164% dos preços do ópio afegão em 2010: o preço médio foi de US$ 169 dólares por quilo, frente aos US$ 64 de 2009.
Esta alta dos preços, que rompeu uma tendência descendente registrada entre 2005 e 2009, voltou a fazer o cultivo da papoula atraente entre os empobrecidos camponeses do país asiático.
'O valor agrícola da produção de ópio alcança US$ 1,4 bilhão, 9% do PIB do país. Se forem somados a esse número o lucro da fabricação e o tráfico de heroína, o ópio é uma parcela importante da economia afegã e proporciona fundos consideráveis à insurgência', indica a ONU.
'Peço à comunidade internacional que se concentre nas conexões entre o narcotráfico e a insegurança. A produção e o tráfico de narcóticos impede a segurança, promove a corrupção, a criminalidade, a instabilidade e a insegurança no Afeganistão, na região e na inteira comunidade internacional', afirmou Yury Fedotov, diretor da UNODC.
A ONU também alerta que o Afeganistão deixou de ser um país exportador para virar um consumidor de ópio, com um dos maiores índices de consumo no mundo - 2,65% entre a população de 15 a 64 anos.