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Cultivo de maconha crescerá no Uruguai, dizem cultivadores

Plantação de cannabis crescerá no Uruguai a partir de agora, já que o Senado deu sinal verde à lei que regula e legaliza a compra e venda e produção de maconha


	Folha de cannabis: muitos consumidores já apostaram em plantações domésticas de maconha para uso pessoal
 (Wikimedia Commons)

Folha de cannabis: muitos consumidores já apostaram em plantações domésticas de maconha para uso pessoal (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 10h06.

Montevidéu - A plantação doméstica de cannabis terá um crescimento "exponencial" no Uruguai a partir de agora, já que o Senado deu nesta quarta-feira sinal verde à lei que regula e legaliza a compra e venda e produção de maconha no país, segundo consideraram vários plantadores da planta.

No país, onde o consumo é legal há 40 anos, muitos consumidores já apostaram em plantações domésticas de maconha para uso pessoal, para as quais a nova lei criará um terreno mais fértil.

"Com a nova lei, triplicará o número de cultivadores", disse à Agência Efe Juan "Guano", fundador do primeiro "growshop" do Uruguai, estabelecimento que vende produtos destinado ao cultivo de cannabis - exceto as sementes, ainda ilegais.

A crença entre os fãs da "cannabicultura" é que com a lei proliferarão "os cultivos próprios ou em clubes que permitem produzir maconha barata e de boa qualidade", disse "Guano".

Um dos primeiros efeitos imediatos que a nova lei terá é que as plantações de maconha que já existem terão respaldo legal, assim como seus proprietários.

"Deixaremos de temer as denúncias, as detenções e os registros", declarou à Efe Álvaro Calistro, dono de uma plantação coletiva de maconha em um bairro na periferia de Montevidéu.

Segundo contou, há pouco mais de um ano, um narcotraficante da região denunciou a existência da plantação, porque via nela "um perigo" para seus interesses, o que implicou um boletim de ocorrência, a apreensão das plantas e a detenção do ativista, que foi solto depois de prestar depoimento.

"Expliquei que em minha casa tenho uma plantação de ervas medicinais, entre elas a maconha, e que os consumo com um grupo de amigos que funciona como uma cooperativa agrícola", relatou.

Boa parte do pátio traseiro de sua casa é ocupada por grandes pés de maconha, que também criam em uma plantação interna, junto à oficina no qual fabrica joias artesanais.


Além de fazer o cultivo ecológico, Calistro também é um criador ou "breeder", como são conhecidos os que fazem experiências de cruzamentos genéticos entre diversas variedades de cannabis.

"Essa espécie eu chamo de "charrua", como os indígenas do Uruguai, porque se adapta muito bem à terra e ao clima. É uma planta que tem um efeito mais suave, que te permite trabalhar. Por outro lado, há outras que são mais fortes, e que poderiam ser usadas com fins medicinais, por exemplo como analgésico para as dores crônicos", explicou.

Calistro espera a regulação do cultivo da maconha para fundar uma Federação de Cultivadores de Cannabis do Uruguai, e defende o consumo responsável da espécie.

"Trabalho e tenho filhos. Não vou fumar algo que me deixe chapado por horas. Quando trabalho, fumar algo suave me ajuda a ser criativo, a relaxar e a me focar em uma coisa só, em vez de ficar com a mente cheia de outras ideias", contou.

Enquanto regava suas "meninas", como ele se refere a suas plantas, esclareceu que, assim como o que acontece com os embriões humanos, a cannabis passa por um período de germinação durante o que se determina sua reprodução.

Se a erva for macho, polinizará a planta fêmea, que será a que depois produzirá as flores, conhecidas como "cogollos".

As flores são a única parte da planta que contêm a substância psicoativa, embora Calistro tenha acrescentado que a planta ainda pode ser usada na indústria para fabricar fibras têxteis ou tinturas vegetais.

A legislação uruguaia permitirá o cultivo com fins pessoais de até seis pés de maconha, com uma colheita anual de 480 gramas, ou a criação de clubes de 15 a 49 membros que poderão cultivar até 99 plantas.

Para aqueles que não cultivarem, o Estado permitirá a compra de até 40 gramas mensais em locais habilitados para isso.

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