Cuba: governo aumentou os preços da gasolina e do diesel em mais de 400% em fevereiro (YAMIL LAGE / Colaborador/Getty Images)
Redatora
Publicado em 19 de março de 2024 às 07h55.
Centenas de cubanos tomaram as ruas de Santiago, a segunda maior cidade do país, e em outras províncias, no último domingo, 17, em meio a tensões devido a cortes de energia, que chegam a durar 18 horas por dia em algumas localidades, e escassez de alimentos na ilha.
A situação econômica em Cuba tem se deteriorado desde a pandemia. O país também depende de aliados como Rússia e Venezuela para suprimentos. Com a guerra na Ucrânia e a piora da situação econômica venezuelana, a ilha na América Central tem recebido menos amparo.
O governo aumentou os preços da gasolina e do diesel em mais de 400% em fevereiro, na tentativa de estabilizar a economia. O ministro da economia, Alejandro Gil Fernández, foi demitido no mês passado, e o governo disse que ele está sob investigação criminal.
Havana também solicitou ajuda alimentar do Programa Mundial de Alimentos da ONU no mês passado, uma medida sem precedentes para um país que resiste em reconhecer publicamente sua incapacidade de produzir alimentos suficientes para seu povo.
Depois que vídeos dos protestos começaram a circular nas redes sociais, o serviço de internet no país foi interrompido. Manifestações geralmente são reprimidas pelo regime cubano. Protestos em massa sobre a economia em 2021, os maiores desde a revolução, levaram a centenas de prisões e mais de 700 acusações criminais. Mais de 400.000 cubanos buscaram refúgio nos EUA desde 2021.
Surgen imágenes de protestas pacíficas en #SantiagoDeCuba 🇨🇺
Gobierno de @DiazCanelB tiene la obligación de proteger el derecho a protestar. La represión violenta a la que siempre recurre su gobierno no debe ser tolerada por la comunidad internacional
— Erika Guevara Rosas (@ErikaGuevaraR) March 17, 2024
"Estamos cientes de relatos de protestos pacíficos em Santiago, Bayamo, Granma e em outros lugares de Cuba, com cidadãos protestando contra a falta de alimentos e eletricidade", postou a embaixada dos EUA em X no domingo à noite. "Instamos o governo cubano a respeitar os direitos humanos dos manifestantes e a atender às necessidades legítimas do povo cubano."
Washington mantém um embargo comercial contra Cuba, que fica a apenas 153 km dos EUA no ponto mais próximo, desde a revolução na ilha caribenha liderada por Fidel Castro na década de 1950.
Na manhã de segunda-feira, 18, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel culpou a atual agitação por "políticos medíocres e terroristas de mídia social organizados do sul da Flórida", onde muitos exilados cubanos vivem.
"No meio de um bloqueio que visa nos sufocar, continuaremos trabalhando pacificamente para sair desta situação", postou Díaz-Canel, que em 2021 sucedeu o irmão de Fidel Castro, Raúl, como líder.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse na segunda-feira que a acusação de que Washington estava por trás dos protestos era "absurda", enquanto Cuba convocou o principal diplomata dos EUA em Havana para uma reunião. O ministério das relações exteriores de Havana disse em comunicado que os norte-americanos não observaram "padrões mínimos de decência e honestidade" em seus comentários sobre os protestos.