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"Cuba não precisa de lições de direitos humanos", diz Raúl Castro

Ao comentar a mudança de política do governo Trump com a ilha, o presidente disse que Cuba "não tem que receber lições dos EUA e nem de ninguém"

Raúl Castro: o presidente disse que Cuba "não tem de receber lições dos Estados Unidos nem de ninguém" (Alejandro Ernesto/AFP/AFP)

Raúl Castro: o presidente disse que Cuba "não tem de receber lições dos Estados Unidos nem de ninguém" (Alejandro Ernesto/AFP/AFP)

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EFE

Publicado em 14 de julho de 2017 às 19h41.

Última atualização em 14 de julho de 2017 às 20h30.

Havana - O presidente cubano, Raúl Castro, declarou nesta sexta-feira que Cuba tem muitas conquistas para se orgulhar em matéria de direitos humanos e "não tem de receber lições dos Estados Unidos nem de ninguém", em sua primeira menção pública à mudança de política do governo de Donald Trump para a ilha anunciada em junho.

Em discurso perante o plenário do Parlamento cubano, Raúl Castro considerou essas medidas uma "intensificação do cerco unilateral" e advertiu que fracassará qualquer estratégia destinada a "destruir a Revolução mediante a coerção ou outros métodos sutis".

O presidente cubano, segundo a imprensa estatal, qualificou de "retrocesso" na relação bilateral as medidas anunciadas por Trump em 16 de junho em Miami, que submetem os vínculos com a ilha ao respeito aos direitos humanos, à realização de eleições livres e à liberdade de presos políticos.

As reuniões da Assembleia não permitirão o acesso dos meios de comunicação estrangeira credenciados na ilha.

O governo de Trump endureceu algumas das disposições do embargo econômico sobre Cuba que o seu antecessor, Barack Obama, flexibilizou como parte do degelo diplomático entre Cuba e EUA iniciado em dezembro de 2014.

Entre as mudanças adotadas por Trump estão a proibição a americanos de fazer negócios com empresas vinculadas ao conglomerado estatal Gaesa, considerado o braço econômico das Forças Armadas Revolucionárias e com interesses comerciais em muitos setores, especialmente o turismo.

Trump também anunciou a intenção de impor novas restrições às viagens de americanos a Cuba, que mesmo ainda não podendo viajar como turistas, já se tornaram o segundo mercado emissor de visitantes à ilha graças às facilidades que Obama pôs aos contatos "povo a povo".

Para Raúl Castro, essas medidas - que serão anunciadas formalmente pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) no dia 15 de setembro - implicam "o retorno de uma retórica velha e hostil, própria da Guerra Fria".

O presidente cubano insistiu que as decisões de Trump desconhecem o apoio de amplos setores americanos e da maioria do exílio cubano nesse país à suspensão "do bloqueio econômico, comercial e financeiro e à normalização de vínculos, enquanto que satisfazem um pequeno grupo da Flórida".

Raúl Castro, que abandonará a presidência de Cuba em fevereiro de 2018, reafirmou a vontade da ilha de prosseguir o diálogo e a cooperação com os EUA e a negociação de assuntos pendentes "sobre a base da igualdade e o respeito à soberania e independência cubana".

"Cuba e Estados Unidos podem cooperar e conviver respeitando as diferenças e promovendo tudo aquilo que beneficia seus povos", disse Castro, de 86 anos, que nesta sexta-feira presidiu a sessão ordinária da Assembleia Nacional de Cuba (parlamento unicameral) na qual foram aprovadas leis sobre a gestão da água e a mudança climática.

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