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Cuba inicia nas urnas a despedida de Raúl Castro

A sucessão dos Castro marcará o início da mudança de geração em Cuba, que não se afasta do "castrismo"

O presidente cubano, Raúl Castro (PPO/Getty Images/Getty Images)

O presidente cubano, Raúl Castro (PPO/Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 11 de março de 2018 às 11h16.

Cuba vota neste domingo para escolher o novo Parlamento, de onde sairá em abril o sucessor do presidente Raúl Castro, uma mudança histórica na ilha, mas dentro da continuidade do sistema socialista.

O processo é o mesmo que acontece a cada cinco anos: são 605 candidatos designados para o mesmo número de cadeiras na Assembleia Nacional, um sistema singular na América Latina. Os nomes devem ser ratificados por mais de oito milhões de cubanos com mais de 16 anos, equivalente a 72% da população.

Esta é a primeira eleição geral sem Fidel Castro, falecido em 2016, que governou a ilha como presidente de 1976 até 2008 - eleito pela Assembleia Nacional ou Parlamento. Depois o seu irmão Raúl assumiu o poder.

Raúl Castro votou em Santiago de Cuba (960 km ao sudeste de Havana).

A sucessão dos Castro marcará o início da mudança de geração em Cuba, que não se afasta do "castrismo". De acordo com a Constituição, o Partido Comunista de Cuba (PCC) - do qual Raúl continuará como primeiro secretário até 2021 - é a "força dirigente superior da sociedade".

"O próximo presidente poderá não ter o sobrenome (Castro), mas será, sem dúvida, um filho da Revolução, a de Fidel Castro, Raúl Castro... formado nela e a seguirá levando adiante junto ao povo de Cuba", afirmou o ministério das Relações Exteriores no Twitter.

As previsões apontam que a Assembleia Nacional escolherá em abril como sucessor de Raúl Castro o atual primeiro vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, um engenheiro de 57 anos de lenta, mas eficaz, carreira no poder cubano.

"Haverá um sentido de renovação e haverá um sentido de continuidade", afirmou o chanceler Bruno Rodríguez depois de votar.

Esta seria a primeira vez desde 1976 que uma pessoa sem o sobrenome Castro, e que não é um militar que lutou na Revolução, ocuparia a presidência.

O analista cubano Arturo López-Levy, professor da Universidade Texas-Rio Grande Valley, considera que "o problema da ausência de um líder carismático se aprofunda (...) o desgaste ante a falta de resultado econômico sem a esperança da retórica cativante de Fidel Castro se tornou palpável".

Este domingo também serão ratificados 1.265 delegados provinciais. O índice de participação geralmente fica próximo de 90%, mesmo com o voto voluntário. Não votar é mal visto socialmente e comparecer às urnas considerado como um ato de soberania e "reafirmação revolucionária".

Os opositores criticam porque a eleição presidencial não é direta.

Grupos dissidentes como "Candidatos pela Mudança" pedem votos para os mais jovens, enquanto o "Cuba Decide" pediu votos em branco ou frases de oposição nas cédulas.

Um grupo de congressistas americanos, liderados pelo republicano Marco Rubio, pediu ao presidente presidente Donald Trump que não reconheça o sucessor de Castro.

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