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Cuba diz que decisão dos EUA de expulsar diplomatas é infundada

Segundo o chanceler, a medida anunciada hoje pelos EUA acaba tendo "caráter eminentemente político"

Cuba: "O Departamento de Estado tem vazado informações mal-intencionadas com motivos políticos" (Shannon Stapleton/Reuters)

Cuba: "O Departamento de Estado tem vazado informações mal-intencionadas com motivos políticos" (Shannon Stapleton/Reuters)

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EFE

Publicado em 3 de outubro de 2017 às 18h06.

Havana - Cuba considerou nesta terça-feira como infundada e inaceitável a decisão do governo dos Estados Unidos de expulsar 15 diplomatas cubanos de Washington como uma medida de reciprocidade para a drástica redução de seu pessoal na embaixada em Havana após os supostos ataques sônicos contra americanos.

"O Ministério de Relações Exteriores do Cuba protesta energicamente e denuncia essa decisão infundada e inaceitável, bem como o pretexto utilizado para justificá-la, por afirmar que o governo de Cuba não adotou todas as medidas adequadas para prevenir os ataques", afirmou o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.

Segundo o chanceler, a medida anunciada hoje pelo Departamento de Estado dos EUA de expulsar diplomatas cubanos de Washington, sem resultados conclusivos ou provas sobre os supostos ataques sônicos, acaba tendo "caráter eminentemente político".

"O Departamento de Estado tem vazado informações mal-intencionadas com motivos políticos", destacou Rodríguez.

O ministro de Relações Exteriores pediu que as autoridades americanas não "continuem politizando esse assunto". Essa atitude poderia promover uma "escalada indesejada" de tensões e provocar um retrocesso nas relações bilaterais, já afetadas por recentes anúncios de Donald Trump sobre uma nova política para Havana.

Rodríguez destacou que, desde que foram divulgadas notícias desses incidentes, Cuba atuou com "seriedade, profissionalismo e imediatismo", iniciando uma "investigação cansativa e prioritária por indicação do mais alto nível do governo".

O chanceler explicou que, em fevereiro, o próprio presidente de Cuba, Raúl Castro, solicitou ao encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Havana que compartilhasse mais informações para haver uma realização conjunta entre os dois países.

"Os dados enviados posteriormente continuaram carecendo de descrições ou detalhes que facilitassem a caracterização dos fatos ou a identificação de possíveis autores", indicou o chanceler.

Rodríguez revelou hoje que Cuba permitiu que diferentes representantes de agências especializadas dos EUA viajassem a Havana em três ocasiões - junho, agosto e setembro - para trabalhar no país pela primeira vez em 50 anos.

"Foram dadas todas as facilidades, incluindo a possibilidade de importar equipamentos, como mostra de boa vontade e do grande interesse do governo cubano de concluir a investigação", destacou.

O chanceler indicou que, segundo resultados preliminares dessa investigação conduzida por especialistas americanos, não existem evidências da ocorrência dos "alegados incidentes", nem das causas e da origem dos sintomas apresentados pelos diplomatas dos EUA.

O chefe da diplomacia de Cuba também afirmou que a proteção dos funcionários americanos, seus familiares e dos locais onde eles viviam no país foram reforçadas depois dos incidentes.

Apesar da tensão, Rodríguez reiterou a disposição de Cuba para uma "cooperação séria e objetiva", com a qual as autoridades cubanas e americanas possam "esclarecer os fatos".

"Para isso, será essencial a colaboração mais eficiente das agências competentes dos EUA", afirmou.

 

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