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Cuba acusa EUA de pressionar votações na ONU contra suspensão de sanções

Governo cubano afirmou que tem “informações confiáveis sobre pressões intimidatórias e enganosas” da Casa Branca a países de América Latina e Europa

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 14h15.

O governo de Cuba acusou nesta quarta-feira os Estados Unidos de fazer “pressões intimidadoras e enganosas” sobre outros países para que votem contra a resolução cubana apresentada anualmente na Assembleia Geral das Nações Unidas para exigir a suspensão das sanções americanas contra o país.

Em declaração à imprensa internacional, o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que o governo tem “informações confiáveis sobre pressões intimidatórias e enganosas” dos EUA a “países de América Latina e Europa”.

A resolução, não vinculativa e apresentada anualmente por Cuba desde 1992, tem contado nos últimos anos com o apoio praticamente unânime da comunidade internacional (187 votos a favor e apenas dois contra, de EUA e Israel).

Está previsto que a resolução seja debatida e votada a partir de 28 de outubro. Cuba entende como uma vitória diplomática esse apoio internacional anual na ONU, embora não tenha efeitos práticos.

Rodríguez afirmou que Cuba teve acesso a vários documentos enviados pelos EUA a países terceiros para “obrigá-los a modificar sua posição histórica” em relação à resolução.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, os EUA tentaram nas últimas semanas “coagir” países aliados por meio de mecanismos como “privação de vistos” e “tarifas comerciais (tarifas)” ou repercussões “entre suas empresas privadas”.

Rodríguez afirmou que, em duas comunicações escritas, datadas de 8 e 17 de outubro, Washington pediu diretamente as nações às quais enviou os documentos a “rejeitar a resolução de acordo com medidas legais aplicáveis”.

Ele acusou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, de trabalhar por meio de emissários para conseguir a mudança, principalmente em América Latina e Europa.

Segundo o governo cubano, os EUA argumentam que Cuba é uma “ameaça à paz e à segurança internacional”.

“É uma pressão com argumentos em que ninguém acredita”, afirmou Rodríguez.

Apesar disso, o chanceler disse que a resolução cubana conseguirá “prevalecer” com uma “maioria esmagadora”.

O governo cubano reiterou várias vezes nas últimas semanas que “não participa” da guerra na Ucrânia, embora tenha reconhecido que há cidadãos recrutados pela Rússia que participam “por conta própria”.

Dias antes dessa declaração, a agência de notícias Reuters publicou, com base em um telegrama interno do Departamento de Estado ao qual teve acesso, que os EUA estavam pressionando outros países a não apoiarem a resolução cubana sobre as sanções, argumentando que Havana apoia “ativamente” a Rússia na invasão da Ucrânia.

Os EUA afirmaram que Cuba apoia “ativamente” a Rússia na invasão da Ucrânia, “com até 5.000 cubanos combatendo ao lado das forças de Moscou”.

Em maio, a opositora Assembleia da Resistência Cubana e o parlamentar ucraniano Maryan Zablotskyy denunciaram em Miami que a Rússia recrutou até 20 mil cubanos, dos quais entre 200 e 300 morreram.

As estimativas provêm de dados da Direção Geral de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, que divulgou uma lista de 1.028 mercenários cubanos com contratos com as Forças Armadas Russas entre junho de 2023 e fevereiro de 2024.

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