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Cruz Vermelha e ex-senadora aceitam receber Langlois

Autoridades da França ''estão mobilizadas e em contato permanente com a Colômbia para conseguir a libertação'' do jornalista

O repórter acompanhava um grupo de policiais e militares que tinha a missão de desmantelar um laboratório de drogas (Luis Acosta/AFP)

O repórter acompanhava um grupo de policiais e militares que tinha a missão de desmantelar um laboratório de drogas (Luis Acosta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2012 às 19h11.

Bogotá - A ex-senadora Piedad Córdoba e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) aceitaram nesta segunda-feira integrar uma comissão encarregada de receber das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) o jornalista francês Romeo Langlois, mas o governo da França e da Colômbia não se pronunciaram sobre as últimas exigências para sua libertação.

Uma fonte do governo francês declarou em Paris que as autoridades do país ''estão mobilizadas e em contato permanente com a Colômbia para conseguir a libertação'' de Langlois. No entanto, François Hollande, que amanhã assumirá a presidência da França, não comentou sobre o pedido das Farc de que um representante do país faça parte da comissão.

Essa é uma das exigências impostas pelas Farc para libertar o jornalista, segundo comunicado emitido neste domingo pelo grupo. Langlois foi capturado pela guerrilha em 28 de abril, quando acompanhava uma operação do Exército e da polícia contra o narcotráfico no departamento de Caquetá. O jornalista é correspondente do canal ''France 24'' e do jornal ''Le Figaro''

''Recebemos o comunicado das Farc e reiteramos o que estamos dizendo: todas nossas equipes estão dispostas'' a cooperar, afirmou o chefe da delegação da Cruz Vermelha na Colômbia, Jordi Raich.

O diretor da CIVC confirmou sua intenção de colaborar pouco depois de Piedad afirmar que não podia se negar a participar de uma missão humanitária.

A ex-senadora, que desde 2008 atuou na entrega de vinte reféns das Farc, comentou durante um ato com jornalistas convocado por seu movimento, o Colombianas e Colombianos pela Paz (CCP), que não integrar o comitê ''não estaria em concordância com o que nós fazemos''.


O repórter acompanhava um grupo de policiais e militares que tinha a missão de desmantelar um laboratório de drogas. No momento da ação, os guerrilheiros das Farc realizaram um ataque e após horas de combates quatro militares morreram e o jornalista ficou ferido.

Langlois teria fugido da troca de tiros indo em direção aos guerrilheiros após retirar um capacete e um colete de uso militar que usava para sua proteção.

As Farc declararam Langlois ''prisioneiro de guerra'' pois o jornalista estava com uniforme militar. A organização manteve essa postura nos três comunicados que emitiu sobre o correspondente.

Na nota mais recente, o grupo afirmou que Langlois quando for libertado viverá o dilema de ''terminar de cumprir com o papel esperado pelo governo da Colômbia, suas forças militares e os grandes meios de comunicação ou permanecer fiel a sua consciência e transmitir a verdade''.

''Se este for caso, pode ser que os próprios que hoje exigem sua liberdade imediata se irritem com ele até destruí-lo totalmente'', acrescentou a organização após se comprometer a entregá-lo num ''lugar seguro''.

A assessora de comunicação da Cruz Vermelha em Bogotá, María Cristina Rivera, disse à Agência Efe que é ''muito positivo'' o anúncio de que as Farc libertarão Langlois.

''Estamos dispostos a coordenar o processo com todas as pessoas que foram mencionadas no comunicado'', garantiu a assessora. ''Temos nossas equipes prontas para quando a operação foi realizada''.


Segundo Raich, esta tarefa só tomaria ''quinze minutos'' da CIVC. O governo colombiano, no entanto, não disse nenhuma palavra sobre o último comunicado das Farc, mas afirmou que Langlois deveria ser libertado o mais rápido possível e sem condições.

''Esta organização criminal não pode de nenhuma maneira impor condições de nenhum tipo, o governo não pode polemizar com criminosos, não se pode aceitar discussão sobre esta situação'', disse o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, na semana passada em Bogotá.

Pinzón se referia a outra condição das Farc para entregar o jornalista: a realização de um debate sobre ''a liberdade de informar'' sobre conflito armado, já que a organização considera que os repórteres que cobrem a situação são manipulados pelo governo.

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