Haiti: investigação da mídia revelou que a entidade só construiu seis casas, apesar de ter arrecadado quase meio bilhão de dólares em doações (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2015 às 18h05.
Washington - A Cruz Vermelha defendeu o trabalho que vem desenvolvendo no Haiti desde que um terremoto devastou o país há cinco anos, depois que uma investigação da mídia revelou que a entidade só construiu seis casas, apesar de ter arrecadado quase meio bilhão de dólares em doações.
O ProPublica, site de jornalismo investigativo dos Estados Unidos, e a rede de rádio norte-americana NPR confrontaram a Cruz Vermelha norte-americana nesta semana com uma reportagem sobre o uso que a agência humanitária fez das doações para ajudar 1,5 milhão de pessoas desabrigadas pelo tremor de janeiro de 2010.
O relatório acusou a Cruz Vermelha de desperdiçar dinheiro por culpa de vários equívocos e da má administração, deixando famílias sem moradia e incapazes de sobreviver e ao mesmo tempo dependente demais de agentes estrangeiros que não falam francês ou crioulo.
A Thomson Reuters Foundation também soube que a Cruz Vermelha gastou pelo menos 17 por cento dos fundos com despesas no Haiti, apesar de o grupo norte-americano e federação internacional afirmar que 91 centavos de cada dólar ir para programas e serviços humanitários.
A reportagem acusa a Cruz Vermelha de desperdiçar dinheiro por meio de várias falhas e má gestão, deixando as famílias sem-teto e incapazes de sobreviver, enquanto dependia demais de agentes estrangeiros que não falavam francês ou crioulo.
A filial norte-americana da Cruz Vermelha rejeitou a reportagem, dizendo que o artigo carece de "equilíbrio, contexto e precisão" e afirmando que seu trabalho no país caribenho fez a diferença nas vidas de milhões de haitianos.
"Apesar das condições mais desafiadoras, incluindo mudanças de governo, falta de terrenos para habitação e tumulto entre os civis, nossa equipe extremamente trabalhadora --e 90 por cento da qual é de haitianos--, continua a atender as necessidades de longo prazo do povo haitiano", declarou a organização não governamental em comunicado em seu site na Internet.