EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Bogotá - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rompeu hoje as relações com a Colômbia e ordenou a "alerta máximo" na fronteira diante da "gravidade do ocorrido" na Organizações dos Estados Americanos (OEA), onde o Governo colombiano denunciou a presença de chefes guerrilheiros em território venezuelano.
Na sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA, realizada nesta quinta-feira a pedido de Bogotá, a Colômbia pediu a criação de uma comissão internacional que verifique nos próximos 30 dias a presença de acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Venezuela, onde afirma que há aproximadamente 1.500 guerrilheiros refugiados.
Chávez já havia "congelado" as relações com a Colômbia em 28 de julho de 2009 por causa de denúncias do país vizinho de um suposto desvio de armas venezuelanas às Farc, o que afetou enormemente o comércio bilateral.
A tensão aumentou depois de a Colômbia assinar no final de 2009 um acordo com os Estados Unidos para o uso compartilhado de bases militares colombianas.
A nova escalada é um revés para o anunciado propósito do presidente eleito colombiano, Juan Manuel Santos, que assumirá em 7 de agosto, de recompor as relações com a Venezuela.
A seguir, uma cronologia dos momentos mais críticos nas relações bilaterais desde 28 de julho de 2009, quando a Venezuela decidiu "congelar" as relações com a Colômbia:.
2009:
8 novembro: Chávez convoca os venezuelanos a "se prepararem para a guerra".
13 novembro: A Colômbia entrega à OEA um protesto pelas "ameaças" bélicas da Venezuela.
20 novembro: O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, pede que os dois países mantenham a "máxima prudência".
25 novembro: A Venezuela entrega a Insulza um documento no qual qualifica o pacto militar dos EUA com a Colômbia como "uma ameaça de guerra".
2 dezembro: Uribe denuncia que a Venezuela mantém um "embargo ilegal" contra seu país.1
2010:
22 fevereiro: Uribe e Chávez protagonizam uma forte discussão durante a Cúpula do Grupo do Rio, no México, mas depois aceitam a mediação de "países amigos", liderados pelo líder dominicano, Leonel Fernández.
31 março: Denunciada a detenção na Venezuela de oito colombianos residentes nesse país, acusados de espionagem.
8 abril: Uribe pede à Venezuela que respeite os direitos dos cidadãos da Colômbia que vivem nesse país.
9 abril: A Venezuela acusa a Colômbia de "destruir" as relações bilaterais, e o Governo colombiano responde dizendo que "o embargo" que afeta o comércio bilateral foi imposto pelos venezuelanos.
25 abril: Presidente venezuelano diz que a eleição de Juan Manuel Santos à Presidência poderia "gerar uma guerra" na região.
26 abril: A Colômbia denuncia a "inaceitável" intervenção venezuelana na campanha eleitoral.
20 junho: Santos vence as eleições presidenciais em segundo turno.
21 junho: Presidente eleito convida Governos do Equador e Venezuela a "abrir caminhos de cooperação rumo ao futuro". O Governo venezuelano o parabeniza por sua vitória.
24 junho: Santos escolhe a ex-embaixadora na Venezuela María Ángela Holguín como sua futura chanceler.
25 junho: Holguín menciona a recomposição das relações com a Venezuela como um de seus "grandes desafios" em matéria diplomática.
14 julho: Chávez diz que "avalia" a possibilidade de assistir à posse de Santos e que autoriza Maduro a se reunir com Holguín.
15 julho: Governo colombiano anuncia que tem provas da presença de chefes guerrilheiros na Venezuela.
16 julho: A Venezuela denuncia uma "nova investida" contra as relações bilaterais e convoca seu embaixador em Bogotá, enquanto a Colômbia solicita à OEA uma sessão extraordinária do Conselho Permanente para investigar a presença de "terroristas colombianos" em território venezuelano.
2010 (continuação):
- Chávez anuncia que não assistirá à posse de Santos porque deve "cuidar" de sua vida, e adverte que "poderia romper as relações" com o país vizinho, após acusar Uribe de querer "gerar um grande conflito" bilateral.
19 julho: O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembra a Colômbia e Venezuela que o diálogo é a melhor ferramenta para resolver qualquer diferença "entre vizinhos", e coloca à disposição dos dois países "toda a ajuda técnica" desse organismo para resolver a crise bilateral.
O Governo colombiano assegura que apresentará à OEA evidências "claríssimas" e "recentes" da presença de chefes guerrilheiros na Venezuela.
20 julho: Chávez afirma que as acusações da Colômbia de que seu país é refúgio de líderes guerrilheiros colombianos obedecem "à luta pelo poder" entre o presidente em fim de mandato e o eleito, Juan Manuel Santos.
Uribe assegura que para "falar sinceramente de irmandade" com as nações vizinhas "não pode haver criminosos envolvidos", em alusão à Venezuela.
21 julho: O embaixador do Equador na OEA, Francisco Proaño, que exerce a Presidência rotativa do Conselho Permanente do organismo, anuncia sua renúncia por divergências com o chanceler de seu país a respeito da convocação de uma reunião dessa instância para avaliar as denúncias da Colômbia sobre a presença de chefes das Farc na Venezuela.
O embaixador de El Salvador na OEA, Joaquín Alexander Maza Martelli, assume como presidente do Conselho Permanente após a renúncia do embaixador equatoriano e convoca para a quinta-feira 22 de julho a sessão extraordinária solicitada pela Colômbia.
O embaixador da Colômbia na OEA, Luis Alfonso Hoyos, assegura que seu país não pretende que o Governo da Venezuela seja condenado pelo organismo com seu pedido de uma reunião extraordinária do Conselho Permanente.
22 julho: A Colômbia denuncia em uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA uma presença "consolidada", "ativa" e "crescente" das guerrilhas na Venezuela, a quem pede que atue sem "demoras" para que não se agrave a situação. Além disso, solicita a criação de uma comissão internacional que verifique nos próximos 30 dias a presença de acampamentos das Farc em território venezuelano.
-22 julho: Chávez anuncia a ruptura das relações diplomáticas com a Colômbia e ordena "alerta máximo" na fronteira, diante da "gravidade do ocorrido" na sessão da OEA pedida pelo Governo colombiano para denunciar a presença de chefes guerrilheiros na Venezuela.