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Croácia homenageia como herói general que se matou no julgamento

Praljak se suicidou ingerindo veneno enquanto o Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia confirmava sua sentença de 20 anos de prisão

Praljak: ele foi condenado por crimes de guerra cometidos contra muçulmanos bósnios em 1993 e 1994 na Bósnia-Herzegovina (Reprodução/Reuters)

Praljak: ele foi condenado por crimes de guerra cometidos contra muçulmanos bósnios em 1993 e 1994 na Bósnia-Herzegovina (Reprodução/Reuters)

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EFE

Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 17h33.

Zagreb - Um criminoso de guerra foi homenageado nesta segunda-feira como um herói em Zagreb, em um ato público lotado com a presença de membros do governo croata e do Exército, uma mostra da dificuldade deste membro da UE de assumir sua responsabilidade pelos crimes cometidos na antiga Iugoslávia.

O homenageado era o general Slobodan Praljak, condenado por crimes de guerra cometidos contra muçulmanos bósnios em 1993 e 1994 na Bósnia-Herzegovina e que no último dia 29 de novembro se suicidou ingerindo veneno enquanto o Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII) confirmava sua sentença de 20 anos de prisão.

Mais de duas mil pessoas, muitas delas ex-combatentes da Bósnia-Herzegovina, compareceram hoje à homenagem organizada pela Associação de generais croatas na Vatroslav Lisinski, uma das principais salas de concertos de Zagreb.

Na entrada, o púbico fazia fila para poder assinar no livro de condolências. Muitos deles cumprimentaram Dario Kordic, outro ex-comandante das forças bósnio-croatas e que foi também condenado a 25 anos de prisão pelo TPII como responsável pelo assassinato de mais de cem civis.

Após cumprir dois terços da pena, Kordic retornou à Croácia onde, assim como Praljak, é considerado por muitos um herói nacional.

Entre os presentes no ato estiveram dois ministros croatas, o de Veteranos de Guerra e o de Defesa, junto líderes da conservadora União Democrática Croata, o partido do primeiro-ministro, Andrej Plenkovic.

Embora não estivesse presente, Plenkovic denunciou há duas semanas que o suicídio de Praljak se deveu à "injustiça" contra o povo croata.

Dentro da sala, um retrato de Praljak, sorridente, junto a um círio com a bandeira croata, dominava o palco, onde houve discursos, leituras de poesias patrióticas, interpretação de canções e, finalmente, do hino nacional croata.

"Era um homem perfeito em tudo e por tudo; nunca verei igual", afirmou Miroslav Tudjman, filho do primeiro presidente croata, Franjo Tudjman, quando se referiu a Praljak.

Os discursos apresentaram o general como uma vítima de um tribunal politizado, que acusou croatas para equiparar o nível de culpa entre diferentes povos balcânicos e que usou provas falsas.

O general reformado Pavao Miljavac, ministro de Defesa da Croácia entre 1998 e 2000 e presidente da Associação de generais croatas, definiu Praljak como um "personagem extraordinário", "uma pessoa com vontade de ferro"; "alguém de coração aberto e alma pura" que "salvou seu povo de ser expulso do território no qual tinha vivido durante séculos".

Frente a essa amável descrição, o TPII concluiu que Praljak foi responsável por crimes contra a humanidade, violações das leis e costumes de guerra e de graves violações das Convenções de Genebra de proteção de vítimas dos conflitos.

Como comandante do "Conselho Croata de Defesa", a formação militar dos croatas da Bósnia, o general foi responsável, entre outros crimes, pelo massacre de Stupni Do.

Lá, em 1993, 40 civis muçulmanos foram assassinados e as mulheres previamente estupradas.

Segundo o veredicto do TPII, Praljak serviu como conexão entre os líderes da Croácia e os da "Herzeg-Bósnia", a entidade rebelde bósnio-croata na qual, através de limpezas étnicas, se tentou criar um território de população majoritariamente croata para, possivelmente, anexá-lo depois à Croácia.

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