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Cristina Kirchner volta a defender acordo com o Irã

Cristina negou que por trás da assinatura deste acordo haja interesse por supostas negociações nucleares com o Irã


	Cristina Kirchner: a governante defendeu também que é um "absurdo" que se especule que a Argentina pretende se aproximar do Irã para comercializar cereais.
 (Pedro Ladeira/AFP)

Cristina Kirchner: a governante defendeu também que é um "absurdo" que se especule que a Argentina pretende se aproximar do Irã para comercializar cereais. (Pedro Ladeira/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2013 às 17h36.

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, voltou a defender nesta sexta-feira a assinatura de um acordo com o Irã para tentar esclarecer o atentado de 1994 contra o Centro da Comunidade Judaica Amia (Asociação Mutual Israelita Argentina), em Buenos Aires, no qual morreram 85 pessoas.

"Meu compromisso é com a verdade. Saber o que aconteceu. As vítimas e seus familiares merecem", disse Cristina ao falar perante o Congresso na abertura de um novo ano legislativo.

Cristina negou que por trás da assinatura deste acordo haja interesse por supostas negociações nucleares com o Irã e ressaltou que "a Argentina é líder em matéria de não proliferação nuclear e uso pacífico da energia nuclear".

A governante defendeu também que é um "absurdo" que se especule que a Argentina pretende se aproximar do Irã para comercializar cereais.

O acordo, rejeitado pela comunidade judaica local e pela oposição, prevê a criação de uma comissão de advogados para revisar os processos relacionados ao ataque.

O memorando de entendimento, assinado em janeiro e que para sua entrada em vigor ainda requer a ratificação por parte do Legislativo iraniano, também prevê a realização de interrogatórios em Teerã aos acusados pela explosão da sede da Associação Mutual Israelense Argentina (Amia).

Cristina disse que ela é "uma pessoa que gosta de resolver problemas" e seria "mais confortável" apenas reivindicar justiça a cada ano nas Nações Unidas.


Ela reiterou que a causa do atentado está "praticamente imobilizada" pela impossibilidade de interrogar judicialmente os suspeitos.

"Temos que destravar isso. Como não tentar resolver os problemas?", questionou a governante argentina, que hoje promulgou a lei votada na quinta-feira, pela qual o parlamento argentino deu sua ratificação ao acordo com o Irã.

Segundo confirmou o chanceler argentino, Héctor Timerman, o acordo permitirá interrogar só os iranianos exigidos pela Justiça argentina contra quem há mandados de prisão com o "alerta vermelho" da Interpol.

Estes são: o ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi; o ex-ministro de Informação Ali Fallahijan; o ex-assessor governamental Mohsen Rezaei; o ex-funcionário da embaixada do Irã em Buenos Aires Moshen Rabbani e o ex-funcionário diplomático Ahmad Reza Ashgari.

O acordo exclui dos interrogatórios o ex-vice-ministro das Relações Exteriores para Assuntos Africanos do Irã Hadi Soleimanpour, o ex-presidente iraniano Ali Akbar Rafsanjani e o ex-ministro das Relações Exteriores Ali Akbar Velayati, requeridos pela Justiça argentina desde 2006, mas não com "alerta vermelho" da Interpol.

Cristina reivindicou nesta sexta-feira que, além disso, sejam investigadas a fundo as cumplicidades dentro do país para que o ataque tenha sido cometido.

A Amia anunciou ontem que recorrerá à Suprema Corte de Justiça para pedir a anulação do acordo, que também foi questionado por Israel.

O ataque à sede da Amia foi o segundo atentado terrorista contra alvos judeus na Argentina, já que em 1992 uma bomba foi detonada em frente à embaixada de Israel em Buenos Aires e matou 29 pessoas.

A comunidade judaica atribui ao Irã e ao Hezbollah o planejamento e a execução de ambos os atentados. 

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