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Kirchner diz que não se deixará extorquir por juízes

Presidente da Argentina retornou nesta terça à cena pública após três semanas de repouso por um problema de saúde

Cristina Kirchner durante avento da Câmara Argentina da Construção (CAC), em Buenos Aires, nesta terça-feira (Marcos Brindicci/Reuters)

Cristina Kirchner durante avento da Câmara Argentina da Construção (CAC), em Buenos Aires, nesta terça-feira (Marcos Brindicci/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2014 às 21h52.

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, retornou nesta terça-feira à cena pública após três semanas de repouso por um problema de saúde e assegurou que não se deixará "extorquir" nem por especuladores nem pela Justiça, que tem na mira uma empresa da qual a governante é acionista.

"A esta presidenta nenhum abutre financeiro nem nenhum carancho (espécie de urubu) judicial vai extorquir", disse Cristina ao encerrar hoje a convenção anual da Câmara Argentina da Construção.

Esta foi a única referência elíptica que fez à polêmica criada pela decisão de um juiz de emitir uma ordem de busca e apreensão na quinta-feira passada nos escritórios em Buenos Aires da empresa Hotesur, da qual Cristina é acionista.

A decisão judicial suscitou uma série de críticas por parte do governo ao magistrado responsável pelo caso, Claudio Bonadío, que investiga supostas irregularidades administrativas na Hotesur.

"Aqui estamos, retornando das minhas férias anuais", disse a chefe de Estado, que riu de si mesma ao declarar que nos últimos anos "tirou férias" em diversas clínicas nas quais teve que ser internada e até operada por diversas infecções.

Nesta oportunidade, a presidente, de 61 anos e que em dezembro de 2015 concluirá seu segundo mandato, esteve uma semana internada em uma clínica de Buenos Aires e passou outras duas em repouso na residência oficial de Olivos devido a um quadro infeccioso no cólon.

Para seu retorno à cena pública, Cristina escolheu uma plateia de empresários da construção perante os quais destacou o que, segundo sua opinião, foram as "conquistas" de sua gestão, iniciada em 2007, como continuidade dos quatro anos e meio de presidência de seu marido, o falecido Néstor Kirchner.

Entre outros pontos, defendeu a "recuperação" da companhia petrolífera YPF, agora controlada pelo Estado, por meio da desapropriação de 51% de ações da empresa espanhola Repsol e pelas quais a Argentina pactuou pagar uma indenização de US$ 5 bilhões de em bônus públicos que Cristina chamou de "papeizinhos".

"Digam se algum dos senhores, que são importantes empresários, podem conseguir uma empresa petrolífera, que tem entre seus ativos a primeira jazida de gás não convencional do mundo e um quarto do petróleo no planeta, e podem pagar por ela US$ 5 bilhões entregando apenas papeizinhos", comentou Cristina.

A governante defendeu a "excelente negociação" com Repsol levada adiante pelo ministro da Economia, Axel Kicillof, que, lembrou, foi criticado pela oposição por ter estipulado "pagar muito" à empresa espanhola.

Em outra passagem de seu discurso, Cristina se referiu ao litígio com os fundos de investimento especulativos em tribunais dos Estados Unidos por bônus em moratória desde 2001 e que não aceitaram as reestruturações de 2005 e 2010.

"Temos muito interesse em solucionar o assunto externo. É muito importante colocar-se de acordo com todos. Queremos chegar a um acordo com 100% de nosso credores de forma legal, legítima, equitativa e justa para todos, mas sem extorsões e sem chantagens", exclamou a presidente.

Por outra parte, revelou que o Fisco argentino acessou informação da filial suíça do banco HSBC, onde foram descobertas 4.040 contas de argentinos das quais apenas 123 estavam declaradas.

"Muitas vezes os dólares que faltam são os que não saíram com toda legalidade da Argentina", comentou a chefe de Estado, que insistiu em criticar as operações no mercado ilegal de divisas, que floresceu na Argentina após a imposições no final de 2011 de restrições na praça cambial formal.

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