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Cristina Kirchner pede permissão para que Lula a visite em prisão domiciliar

Ex-presidente da Argentina foi condenada por corrupção e cumpre pena em sua casa em Buenos Aires

O presidente Luiz Inacio Lula da Silva, durante evento em Brasília, em 30 de junho (Evaristo Sá/AFP)

O presidente Luiz Inacio Lula da Silva, durante evento em Brasília, em 30 de junho (Evaristo Sá/AFP)

Publicado em 1 de julho de 2025 às 18h22.

Última atualização em 1 de julho de 2025 às 19h04.

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner pediu, nesta terça-feira, dia 1º, permissão à Justiça para que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva possa visitá-la em prisão domiciliar em Buenos Aires, onde cumpre pena de seis anos por corrupção, confirmou o juiz responsável à AFP.

A defesa de Cristina Kirchner "apresentou hoje [terça-feira] uma petição solicitando autorização para a visita de Lula", disse o juiz Jorge Gorini à AFP, e acrescentou que o tribunal ainda não respondeu ao requerimento.

Kirchner, que governou o país de 2009 a 2015, teve sua condenação confirmada pela Suprema Corte em junho, o que esgotou as possibilidades de recursos.

Ela terá de cumprir seis anos de detenção e foi proibida de exercer cargos públicos, por ter envolvimento em casos de corrupção em obras públicas, segundo decisão da Justiça.

Cristina, como é conhecida na Argentina, tem 72 anos. Sua idade foi apontada como uma das razões para a prisão domiciliar. Ela é considerada a principal liderança de esquerda no país e iria disputar uma vaga como deputada na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, nas eleições legislativas provinciais de 7 de setembro. Se fosse eleita, teria imunidade judicial.

Ela foi presidente da Argentina de 2007 a 2015, por dois mandatos. Ela sucedeu o marido, Néstor Kirchner, que morreu em 2010. Entre 2019 e 2023, foi vice-presidente do país, no governo de Alberto Fernández.

Fernández visitou Lula na prisão em Curitiba, quando o petista estava detido. O atual presidente do Brasil teve depois sua condenação anulada pela Justiça.

Cristina Kirchner saúda apoiadores da sacada de sua casa em Buenos Aires (Luis Robayo/AFP)

Entenda o processo contra Cristina Kirchner

O processo contra a ex-presidente durou 17 anos. Em 2007, uma deputada federal Elisa Carrió, acusou a presidente de envolvimento em um esquema para desvio de dinheiro em obras públicas. A investigação, no entanto, só começou para valer em 2016, quando Cristina deixou o poder. Membros do governo seguinte, de Mauricio Macri, apontaram sobrepreço em obras feitas pela gestão anterior.

O caso se arrastou por três anos, e Cristina usou várias manobras jurídicas para protelar seu depoimento e o julgamento, que começou só em maio de 2019. Naquele ano, ela se elegeu vice-presidente, e o processo voltou a caminhar devagar.

Em agosto de 2022, procuradores pediram 12 anos de prisão para ela, além de inelegibilidade perpétua para cargos públicos. Em dezembro daquele ano, um tribunal federal condenou Cristina por corrupção, com pena de seis anos de prisão e inelegibilidade.

A condenação foi confirmada em segunda instância em novembro de 2024. Cristina recorreu novamente, e o caso chegou à Suprema Corte, que manteve a condenação, por unanimidade.

Kirchner é a segunda presidente na democracia a ser condenada, depois de Carlos Menem (1989-1999), que foi sentenciado a sete anos de prisão por venda de armas. Menem, no entanto, morreu antes que o processo fosse concluído e não cumpriu pena.

Com AFP. 

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