Cristina Kirchner é acusada de formação de quadrilha durante o seu mandato (Mario De Fina/Reuters)
EFE
Publicado em 21 de maio de 2019 às 12h20.
Buenos Aires — A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner afirmou que o julgamento contra si que começa nesta terça-feira por suspeita de corrupção é um "novo ato de perseguição" que tem como finalidade criar uma "cortina de fumaça" para "desviar a atenção" da crise econômica do país e negou as acusações.
Claramente no se trata de hacer justicia. Sólo armar una nueva cortina de humo que pretende distraer a los argentinos y las argentinas -cada vez con menos éxito- de la dramática situación que vive nuestro país y nuestro pueblo.
— Cristina Kirchner (@CFKArgentina) May 21, 2019
"Claramente não se trata de fazer justiça. Só armar uma nova cortina de fumaça que pretende desviar a atenção de argentinos e argentinas - cada vez com menos sucesso - sobre a dramática situação que nosso país e nosso povo vivem", escreveu Cristina no Twitter poucas horas antes de comparecer a um tribunal federal em Buenos Aires.
A ex-presidente, que ocupa o cargo de senadora desde 2017, é acusada de formação de quadrilha durante o seu mandato e de fraude contra o Estado por supostas irregularidades na concessão na província de Santa Cruz, reduto da família Kirchner, ao empresário Lázaro Báez - que está preso desde 2016 - de 52 contratos de obras públicas avaliados em 46 bilhões de pesos argentinos (US$ 1 bilhão).
A Justiça acredita que a viúva do também ex-presidente Néstor Kirchner e integrantes de seu governo criaram um sistema para se apoderarem de recursos alocados para diversos projetos.
"Trata-se de um novo ato de perseguição com um único objetivo: colocar uma ex-presidente de oposição ao atual governo no banco dos réus em plena campanha presidencial", acrescentou Cristina, três dias depois de anunciar que integrará uma coalizão para as eleições de outubro como candidata a vice-presidente.
Assim, a ex-presidente ressaltou que, "mais uma vez" e como "sempre" fez, voltará aos tribunais, aos quais comparece desde abril de 2016 por dezenas de casos.
Cristina relatou que foi convocada hoje por conta do início do julgamento do caso conhecido como "Vialidad".
Trata-se de uma denúncia realizada pelo governo de Mauricio Macri sobre obras públicas viárias feitas "inteiramente" na província de Santa Cruz.
"Não se trata de uma denúncia original, mas de uma adaptação de denúncias que vêm desde 2008 armadas por deputados da Coalizão Cívica", enfatizou a senadora.
"Para que se entenda: são licitações de obras públicas viárias realizadas por um órgão provincial subordinado ao Ministério da Economia e do governo da província", acrescentou Cristina.
Nesse sentido, a ex-presidente insistiu que "jamais" interveio nos expedientes administrativos que foram realizados para essas obras e esclareceu que entre a Presidência da Nação e as obras denunciadas "existem 12 instâncias administrativas de caráter nacional e provincial".
"As 'provas' pelas quais fui acusada são as leis nacionais de orçamento aprovadas por ambas as câmaras do Congresso da Nação, os DNU (decretos de necessidade e urgência) de ajustes orçamentários de toda a Administração Pública Nacional e as Decisões Administrativas ditadas pelos Chefes de Gabinete", afirmou Cristina.