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Cristãos egípcios se queixam de abandono do Estado após ataques

Ataques a igrejas no país ocorreram durante o Domingo de Ramos, celebração cristã tradicional, e deixaram 44 mortos

Ataques no Egito: cristãos afirmam que eles próprios terão que proteger suas igrejas, ao invés de contar com a polícia (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Ataques no Egito: cristãos afirmam que eles próprios terão que proteger suas igrejas, ao invés de contar com a polícia (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de abril de 2017 às 09h04.

Tanta - Cristãos do Egito choraram e demonstraram indignação nesta segunda-feira enquanto retiravam os corpos de familiares e amigos mortos em duas explosões de bombas em igrejas, expressando revolta contra um Estado que não acreditam mais que irá protegê-los de vizinhos determinados a exterminá-los.

Foram 44 mortos nos ataques ocorridos durante o Domingo de Ramos, ocasião festiva que antecede em uma semana o Domingo de Páscoa, quando os cristãos comemoram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

No necrotério do hospital da Universidade de Tanta, famílias desesperadas tentavam entrar para procurar seus parentes mortos. Forças de segurança contiveram os familiares para evitar a superlotação, enfurecendo a multidão.

"Por que vocês estão nos impedindo de entrar agora? Onde vocês estavam quando tudo isso aconteceu?", gritou uma mulher que buscava um familiar. Algumas pessoas pareciam em estado de choque. Outras choravam abertamente e algumas mulheres estavam em prantos.

Um homem de meia-idade que acabava de sair do necrotério depois de ver seu irmão morto chorava com o rosto entre as mãos. Ele xingou as forças de segurança, aos gritos, enquanto a família tentava acalmá-lo.

Horas depois do ataque, Kerols Paheg e outros jovens cristãos coptas já estavam cavando túmulos no subsolo da devastada igreja de São Jorge da cidade do norte do Delta do Nilo, onde a primeira das bombas explodiu, matando 27 pessoas e ferindo cerca de 80.

Ele mostrou fotos da barbárie em seu celular: restos humanos, sangue e vidro estilhaçado espalhados pelo chão da igreja em um dos dias mais sagrados do calendário cristão. "Hoje deveria ser um dia de festividades", disse.

De agora em diante, os próprios cristãos terão que proteger suas igrejas, ao invés de contar com a polícia, "porque o que está acontecendo é demais. É inaceitável", disse.

Horas depois da detonação em Tanta, a segunda bomba explodiu na entrada da igreja de São Marcos, em Alexandria, a sede histórica do papa copta, matando 17 pessoas, entre eles três policiais, e deixando 48 feridos.

Os coptas representam cerca de 10 por cento dos 92 milhões de habitantes do Egito, a maior minoria cristã do Oriente Médio. Mas apesar de uma presença que data dos tempos romanos, a comunidade se sente cada vez mais rejeitada e já foi alvo de vários ataques, inclusive do Estado Islâmico, que assumiu a autoria das explosões de domingo e alertou para mais ataques.

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