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Crise teve pouco impacto nas emissões mundiais de CO2

Neste ano, segundo estudo, quantidade de gás carbônico deve aumentar novamente, em mais de 3%

Usina na Alemanha: CO2 de energias fósseis chegou a 30,8 bilhões de toneladas em 2009 (Sean Gallup/Getty Images)

Usina na Alemanha: CO2 de energias fósseis chegou a 30,8 bilhões de toneladas em 2009 (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2010 às 08h00.

Paris - O impacto da crise sobre as emissões mundiais de gás carbônico pelo uso de energias fósseis foi menor do que o esperado, já que a redução nos países industrializados foi compensada pelo forte crescimento da China e Índia, segundo um estudo publicado neste domingo.

Em 2010, estas emissões devem aumentar novamente, segundo este estudo, realizado pelo Global Carbon Project (GCP) - organismo que reúne mais de 30 especialistas do clima - publicado pela revista Nature Geoscience.

Este ano, as emissões aumentarão em mais de 3%, se as previsões de crescimento econômico de 4,8% se confirmarem.

Este estudo aparece quase uma semana antes do início da grande cúpula da ONU sobre o clima em Cancun (México, de 29 de novembro a 20 de dezembro), que espera superar o fracasso de Copenhague e fundar uma política eficaz para lutar contra as mudanças climáticas.

As emissões de CO2 por combustão de energias fósseis (petróleo, gás, carvão) chegaram a 30,8 bilhões de toneladas em 2009, ou seja, uma queda de apenas 1,3% em relação a 2008, um ano recorde.

Esta redução foi menor que o previsto, já que as grandes economias emergentes, começando pela China, prosseguiram seu crescimento apesar da crise.


"Isto ocorreu porque a redução do PIB mundial foi menor que o previsto, e a intensidade de carbono (emissões medidas por cada ponto do PIB) subiu apenas 0,7% em 2009, muito abaixo da média de 1,7% a longo prazo", explicou à AFP Pierre Friedlingstein, professor da Universidade de Exeter, na Inglaterra, que dirigiu o estudo.

Assim, as emissões de CO2 diminuíram 11% no Japão, 6,9% nos Estados Unidos, 8,6% na Grã-Bretanha, 7% na Alemanha e 8,4% na Rússia.

Pelo contrário, aumentaram 8% na China, 6,2% na Índia e 1,4% na Coreia do Sul.

A China consolidou assim sua posição de maior emissor mundial de CO2 (24%) a partir da utilização de energias fósseis e os Estados Unidos também se mantiveram no segundo lugar, com 17% do total.

As energias fósseis são responsáveis por 88% das emissões globais de CO2, o principal gás com efeito estufa, cuja acumulação na atmosfera é considerada responsável pelas mudanças climáticas.

Em 2009, a concentração de CO2 alcançou um recorde de 387 partes por milhão (ppm), segundo o estudo.

Em seu primeiro informe, publicado em 2007, o Grupo intergovernamental de especialistas sobre a evolução do clima (GIEC) estima que, para evitar que o aquecimento climático não supere os dois graus centígrados, limite além do qual pode se tornar irreversível, é necessário permanecer abaixo da linha dos 450 ppm.

No entanto, neste contexto há fenômenos positivos, como o fato das emissões de CO2 relacionadas com o desmatamento terem diminuído, passando de 25% do total nos anos 90 para 12%, segundo o estudo.

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