Mundo

Crise nuclear se agrava após nova explosão em Fukushima

Usina vem sofrendo com explosões e autoridades temem que radiação se alastre pelo país

Visão aérea da usina de Fukushima: central construída nos anos 1970 foi desligada (Getty Images)

Visão aérea da usina de Fukushima: central construída nos anos 1970 foi desligada (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2011 às 12h17.

Sendai, Japão - A crise nuclear no Japão agravou-se ainda mais nesta terça-feira com a explosão de mais um reator e um novo incêndio na central de Fukushima 1, elevando perigosamente os níveis de radioatividade no arquipélago, devastado na última sexta-feira por um terremoto seguido de tsunami.

Pouco depois das 06H00 (20H00 de Brasília), "houve uma grande explosão" no reator 2, declarou um porta-voz da Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que opera a central de Fukushima.

Outra explosão de hidrogênio foi provocada pouco depois de um incêndio no reator 4, que estava desligado para manutenção quando ocorreu o terremoto.

"Um incêndio começou no reator 4, e o nível de radiação aumentou de forma considerável", declarou o primeiro-ministro Naoto Kan, em um pronunciamento em rede nacional.

O chefe do governo pediu às pessoas que moram num raio de 30 quilômetros em torno da central que permaneçam fechadas dentro de casa ou no escritório. No sábado, o governo já havia evacuado mais de 200.000 pessoas que vivem num raio de 20 quilômetros de Fukushima 1.

O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, declarou que o nível de radioatividade medido no local da central de Fukushima era perigoso para a saúde.

"Ao contrário do que aconteceu até agora, não há dúvida de que os níveis alcançados podem afetar a saúde dos seres humanos", explicou.

As autoridades indicaram que também foi detectada radioatividade na região de Tóquio (250 km a sudoeste), maior megalópole do planeta com 35 milhões de habitantes, mas ainda em níveis que não representam riscos para a saúde.

A explosão do reator 2 não afetou o edifício de contenção, ao contrário do que ocorreu nas explosões dos reatores 1 e 3.


As explosões se devem às intervenções de emergência realizadas para tentar reparar os sistemas de resfriamento danificados pelo tsunami que se seguiu ao terremoto de magnitude 9, na última sexta-feira, o maior da história do Japão.

A central, construída nos anos 70, foi totalmente desligada, e a Tepco está desviando água do mar para resfriar os reatores, em um procedimento que provoca radiação.

O nível de radioatividade em torno dos reatores variava entre 30 e 400 millisieverts. As observações médicas comprovam um aumento de casos de câncer a partir da exposição a 100 millisieverts.

Em um abrigo, uma jovem com o filho pequeno nos braços expressa sua angústia.

"Não quero que meu filho seja exposto à radiação. Quero evitar isso a qualquer custo", afirmou.

Em Viena, o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yuyika Amano, disse ser muito improvável que a situação degenere em um novo Chernobyl - o pior acidente da história da energia nuclear civil, ocorrido em 1986 na Ucrânia.

O Japão pediu ajuda à AIEA e aos Estados Unidos para enfrentar a emergência. A Comissão Europeia pediu uma reunião extraordinária da agência na próxima semana.

Vários governos desaconselharam viagens ao Japão, e sugeriram que seus cidadãos residentes no país saiam o mais rápido possível.

As autoridades japonesas enfrentam também uma verdadeira crise humanitária provocada pelo terremoto.

Pelo menos 500.000 pessoas já foram evacuadas, e muitas precisaram ser abrigadas em centros de emergência depois de terem perdido tudo na passagem do tsunami, cujas ondas chegaram a 10 metros de altura, varrendo o litoral nordeste da principal ilha do país.

Pelo menos 100.000 soldados, com o apoio de vários socorristas estrangeiros, tentavam garantir o fornecimento de água potável e alimentos, além de restabelecer a infraestrutura viária e as telecomunicações, ao mesmo tempo em que buscam sobreviventes e vítimas.

Mais de 10.000 pessoas podem ter sucumbido na região de Miyagi, a mais próxima ao epicentro do tremor.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-nuclearesÁsiaGestão públicaJapãoPaíses ricos

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia